O Homem Parado
De repente um homem que caminhava, para no meio da calçada. As pessoas vão e vem. Ele fica parado.
Os pedestres continuam andando, apressados. Moços elegantes em seus ternos bem cortados e gel no cabelo, donas de casa carregando várias sacolas coloridas, estudantes com seus enormes fones de ouvidos com músicas barulhentas, as mocinhas em trajes provocantes enviando mensagens nos modernos telefones móveis. Todos ficam irritados com um homem parado no meio da calçada.
As pessoas andam agitadas. Correndo. Sem paciência. Vida moderna. Um homem continua parado, estático, disperso com olhar no horizonte.
Quase é atropelado pela multidão de pedestres. Alguns esbarrões e encontrões, das pessoas que não conseguem se desviar ou não lhe veem.
Com a irritação, surgem alguns impropérios proferidos. Alguns inaudíveis e baixinhos, outros, não:
- sai da frente velho maluco,...
- ei tio, não tomou o remédio hoje não...
Após 23 segundos parado, a figura do homenzinho vermelho apagou e o do homenzinho verde acendeu no semáforo. Ele deixou a calçada e atravessou a avenida na faixa, em segurança e sem correria.