Uma tarde com o escritor

Sempre abro mais uma aba. Mas para que? Garantir alguma salvação? Mas... o quê? De que você, afinal, está falando? Eu observo tudo. Em volta formas e deformações. O quadro pendurado na gasta parede, delineando suas expressões. Triste? Alegre? Espantado? Divertido? Sorrindo? Franzindo a testa? Olhos adiante?

O que fazer com suas histórias? Vou coloca-las num potinho, fecha-lo e ir juntando, tentando achar minha coleção completa, minha enciclopédia de palavras... meu alfabeto flutuando no ar. Corra logo para tapa-las rapidamente no potinho.

O lápis desliza suavemente. O lápis não desliza mais e sim quase rasga a folha com tanta selvageria cuspida. Um suspiro no final lhe serve como alívio: a forma de desabafo mais sincera e singela, aqui.

Ontem eu só consegui escrever com aquela música invadindo meu corpo; arrepiava-me ao sentir os agudos, misturados ao grave do baixo, entrando na minha corrente sanguínea, enquanto minha imaginação era transportada para aonde minha inspiração lhe sugeriu. O lugar? Haha, segredo. Tipo os que odeiam quando não são compartilhados. Pura birra ou vaidade do escritor. Quieto! Mais palavras descendo, chegando, quentinhas. O cheiro do vinho em sua língua denuncia mais uma forma. O gosto forte da uva, deixando aquela gota tocar seu lábio inferior, causando arrepios.

A chuva lá fora tende a cair. Seus pingos fazem belos desenhos na janela. O cheiro, também característico, o faz sorrir, em meio a tantos papéis que lhe deem algum significado.

Mariana Rufato
Enviado por Mariana Rufato em 29/06/2013
Código do texto: T4363752
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