O SAMBA JUNINO DE SALVADOR

Na época, o samba, assim como o candomblé, eram motivos de perseguições por parte da polícia que os tinham como manifestações marginais e perigosas, marcos do primitivismo que deveriam ser completamente extintos para que os negros forros estivessem sempre subalternos, trabalhando duro para uma sociedade de predominância branca.

Hilária Batista de Almeida, nascida em 1854, mais conhecida como Tia Ciata (de Oxum), Iyá Kekerê (mãe pequena, no candomblé), baiana de Salvador e quituteira, levou o costume das rodas de samba para o Rio de Janeiro que assimilou perfeitamente esse ritmo baiano com raízes angolanas. O samba de roda foi muito posteriormente reconhecido como Patrimônio da Humanidade.

No final de todo culto de candomblé, na Bahia, junto com as comidas vinham manifestações de sambas de roda e cantorias, onde as baianas iniciavam dançando “miudinho” e incitando o público a dançar também. Isso mesmo acontecia nas festas onde, a partir da cozinha ou do quintal tudo acabava em samba.

Assim, a tradição do Samba Junino é bastante antiga e as suas origens remontam desses sambas de roda e sambões realizados nas residências de afrodescendentes do Recôncavo baiano, dos antigos sambas de cozinha ou de quintal festejados nas casas de famílias de origem humilde nos bairros periféricos da cidade, nos ghettos, onde grupos faziam as visitas de casa em casa e que com o tempo, particularmente em Salvador, foram se transformando em grandes procissões ou passeatas animando as ruas dos bairros das periferias da cidade. A comunidade negra da cidade sempre comemorou o dia de São João de forma diferenciada.

O Samba Junino do bairro da Liberdade atualmente é o maior da capital baiana. Portanto, o Samba Junino é um evento da cidade de Salvador, Bahia, uma das manifestações populares da cidade, uma variante do samba duro. O Samba Junino das ruas de Salvador, como manifestação popular do calendário de festas típicas do povo baiano só foi oficializado na década de 70.

O Samba Junino teve grande importância na formação da música baiana e foi responsável pelo surgimento de artistas como NInha, Márcio Vitor e Tatau dentre outros.

Dentro da programação dos festejos juninos do Centro Histórico a Prefeitura de Salvador promove o Festival de Samba Junino como um resgate das tradições populares. Muitos artistas baianos fazem parte da história viva do Samba Junino do Pelô (Centro Histórico) como Neguinho do Samba, um dos iniciadores do bloco Oludum e da Banda Didá.

A Bahia nunca possuiu verdadeiramente características nordestinas pelo fato de originalmente não ter sido parte da região nordeste.

A nordestinidade foi imposta aos baianos por interesses políticos com a criação da SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) em 1962. A cultura baiana sempre se aproximou dos estados do leste como Minas Gerais, Rio de janeiro e Espírito Santo até mesmo pelo vasto intercâmbio que sempre houve entre a Bahia e o Rio, acentuando-se muito mais com a mudança da capital do país de Salvador para o Rio de Janeiro. Os Estados da Bahia e Sergipe eram originalmente pertencentes à Região Leste.

O samba faz parte do processo de resistência do povo negro da Bahia se espalhando por todo o país.