A Teoria da ponte.
Não é raro saber de alguém que sempre teve vontade de fazer algo, mas não se encontrou com coragem suficiente para realizá-lo momento oportuno. Falo sobre uma coisa boa. Que cause alegria e euforia, que por ser novo ou diferente ofereça uma sensação de aventura, coisa daquele tipo que proporciona bem-estar para si mesmo ou para outras pessoas. Podemos pensar também nalgum ato que possa oferecer um sentimento de realização pessoal ou de vitória sobre um obstáculo. Só para frisar, não me refiro a ações libertinas, mas, àquelas ações que são produtos de uma interpretação saudável do que é “ser livre”.
A razão porque a pessoa deixa de fazer o que gosta mesmo sendo benéfico não se sabe ao certo. Algumas sugestões de respostas podem ser facilmente sugeridas: Medo do novo, o velho estigma de que o novo sempre nos assusta. Complexo de inferioridade ou sentimento de auto-insuficiência? Talvez. Ainda dentro da problemática do novo, o medo de arriscar e pagar um mico. E o que vão pensar de mim? E se não der certo?
Indubitavelmente algumas situações do quotidiano podem revelar com extrema facilidade alguns anseios e vontades nossos que acabam sendo frustrados, pelo menos por um curto tempo. Isso se na outra boa oportunidade for realizado aquilo que se propõe a fazer.
É como o garoto que morava numa cidadela por onde passava um belo rio sobre o qual foi construída uma ponte alta. Todas as tardes aquele garoto junto com um grupo de amigos subia na ponte e de lá decidiam pular no rio. O detalhe é que só os amigos pulavam, o garoto, refém do seu medo não pulava. Essa coisa se repetia por vários dias. Sempre voltava decepcionado pra casa e prometendo a si mesmo que no outro dia pularia. Numa das muitas tardes posteriores, ele resolveu pular ou desistir completamente daquela idéia sem voltar àquele lugar com o mesmo objetivo de antes. Dessa vez foi arrebatado por um surto de coragem e pulou.
Podemos sentir a necessidade de aplicação da teoria da ponte em momentos simples da vida, um exemplo disso é quando uma púbere ou jovem de outra faixa etária resolveu pintar o cabelo de vermelho mas ainda não o fez. O rapaz ou moça que se acaba pelas pelas unhas (de tanto roê-las) por não ter coragem expressar seus sentimentos a aquele ou aquela que é o seu pretendido ou pretendida. O cara na igreja se consomindo de vontade de saltar e expressar seu louvor a Deus com danças, palmas e coreografias improvisadas e acaba se contentando em ficar quieto por receio do que os outros pensariam. Querer dar um brado de Glória a Deus e não sentir coragem. Também a vontade imensa de expor opiniões no meio do grupo e vetar esse privilégio por achar que outros interpretariam como um ponto de vista idiota.
É fácil lembrar de muita situações parecidas. O ponto alto disso tudo não é a ausência de coragem pra fazer aquilo que se propõe, é o que fazer nesse momento do não fazer. Parece contraditório mas no instante em que se decide não fazer é um tempo apropriado para se tomar outra decisão, a de não mais sofrer. Como assim, sofrer? A gente não se contenta em apenas sair derrotado pelos nossos medos e frustrações. Provavelmente estabeleceremos o mesmo alvo para uma outra oportunidade que virá. Existe um espaço intermediário, que na sua maioria é um período de grande expectativa pela chegada de uma nova oportunidade e de lamento por não ter feito o que se queria na oportunidade anterior. Perguntas como: Por que isso só acontece comigo? Por que eu não consigo? Podem povoar a nossa mente nesse período. Só não vale é dar um monte de desculpas descabidas e alegar escassez de tempo e oportunidade.
O melhor é fazer aquilo que foi estabelecido como alvo mas que não se teve coragem e não ficar inquieto até a sua execução. A teoria da ponte consiste em: Ou fazer o que quer e não tem coragem ou desistir completamente da idéia.