A TARTARUGADA DO GOVERNADOR LINDOSO EM PARINTINS!

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Na década de 80, escrevia uma coluna fixa de crônica ao lado de Chico Anysio e Guido Fidellis e também publicava matérias assinadas de quando em vez nas páginas do Jornal A NOTÍCIA. Era para qualquer jornalista em início de carreira um grande sinal de status e prestígio. Devido a isso, recebia muitos convites para participar de programas de debates políticos em TV, e para visitas do governador José Lindoso (de 15 de março de 1979/15 de março de 1982) pelos municípios do Amazonas, principalmente depois que ele assinou o decreto que pretendia interiorizar a ZFM, concedendo incentivos às empresas que abrissem filiais em alguns municípios.

Tenho conhecimento de alguns projetos importantes dessa época: um de Dendê em Tefé e um de produção de palmito em São Gabriel da Cachoeira. Mas não é disso que desejo escrever, mas de um convite que recebi da Secretaria de Comunicação Social comandada pelo poeta amazonense e itacoatiarense de Roseiral Elcio Farias, para acompanhar o governador Lindoso e escrever sobre a inauguração de um abatedouro de gado no Município de Parintins, conhecido mais pela festa folclórica dos bois de pano, “Caprichoso” e “Garantido”, ainda não tão famosos como hoje e por ser uma das grandes áreas produtoras de carnes e de leite no Amazonas.

Parintins é um município o Amazonas com uma população que ultrapassa aos 103 mil habitantes e, durante o festival de 3 dias, tem a sua população flutuante praticamente triplicada, sendo o segundo mais populoso do Estado, mas em nível nacional é o 274º mais populoso e o 139º mais populoso entre os municípios que integram o interior do Brasil, sem pertencer a qualquer região metropolitana, posto tratar-se de uma ilha, cercada de beleza e criatividade cultural por todos os lados.

Logo cedo, o avião deixaria o Aeroporto “Eduardinho”, como é conhecido o aeroporto que fica ao lado do Aeroporto Eduardo Gomes e todos estavam lá. No avião cabiam apenas seis pessoas e eu era uma delas. Depois do ato de inauguração, a comitiva seguiu para para almoçar na casa de um empresário do município: havia churrasco e uma tartarugada. O governador, então, com medo do que eu pudesse escrever na Coluna coletiva de opiniões coletiva de opiniões,“Território Livre”, que tocava terror na maioria dos administradores públicos da época, inclusive contra o Governador Lindoso, tendo em mim um de seus maiores críticos, mandou o secretário da Casa Militar, perguntar o que eu almoçaria:

- Vou comer churrasco, respondi. De meu lugar em um canto já com o prato na mão, observei que ele fora transmitir a resposta ao governador Lindoso! Na hora de colocar comida, não resisti à tentação e coloquei também um pouco de tartaruga no prato. Só que na época já estava proibida em sua captura e abate. Como o governador observava o que eu fazia, também decidiu colocar tartaruga no prato dele.

No dia seguinte publiquei a matéria sobre a inauguração com muitas fotos cedidas pela Secretaria de Comunicação e, na coluna “Território Livre”, apenas escrevi esse complemento: “Depois da inauguração do abatedouro, todos seguiram para a residência de um empresário do município, onde foi servido o almoço para toda a comitiva, com opções”, mas não informei que eu e o governador havíamos comido tartaruga porque o Ibama, órgão temido na época, estava desenvolvendo uma campanha contra os que degustavam da iguaria que não fosse criada em cativeiro. E a que fora servida no almoço, tinha sido apanhada especialmente para ser servida à comitiva de Manaus! Outra tradição no município de Parintins nos anos 80 era servir bem aos convidados ilustres, mas não sei se continua igual nos dias de hoje!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 28/06/2013
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