Eu sempre falo

Quando eu falo, falo com dureza, com a firmeza que a ocasião pede. Não titubeio, pois fala mole não convence nada. Toda palavra tem uma força, todo ato uma consequência e eu pago porque falo com voracidade.

Não falo por qualquer coisa, eu escolho a hora e o local para vociferar e aí falo demais. O mundo ainda é de quem fala, de quem mostra que tem o conhecimento maior e que sabe usar tal.

O importante é que eu falo e que há ouvidos que me aceitam, me ouvem e até concordam com o que falo. Falo para as mulheres com firmeza, carinho e com poesia; um bom papo e a vida fica mais bela. Quem tem que falar fale, pois estou por aí e falo e falarei até ficar rouco.

Não tenho porque ficar calado e por tudo deblatero e, assim, falo para mostrar que o discurso, queira ou não queira, está com quem o propaga. Não há vida sem fala, pois tudo morreria em silêncio. Eu falo baixo para descansar, pois tudo cansa; falo firme para convencer e mostrar toda a força de minhas ideias e, também, falo após todo discurso; palavra de carinho ao pé do ouvido de minha amada. Minha amada gosta do que falo, por isso não fico silente jamais e falo quando ela precisa e quer ouvir as verdades de um coração de poeta.

Ás vezes, falo, pornograficamente, mas com decência; todavia, falo palavrões quando a palavra fica pequena. A palavra cresce e aí eu falo com veemência, até chegar ao objetivo. Falo e falo, pois calado emudece o amor e esfria as paixões, por isso, eu falo, mas não falo por falar; falo sem medo e tenho "falo".

Mário Paternostro