O Hino Feio
Já ouvi, tantas vezes, pessoas criticando o nosso Hino Nacional, dizendo ser a letra arcaica, fora da realidade e outras sandices mais. Na escola primária, cantávamos o Hino Nacional, entusiasticamente e, pela vida afora, nunca deixei de me emocionar ao ouvi-lo ou ao cantá-lo. Fico indignado, sempre, ao ver a postura de atletas brasileiros quando da execução do Hino, pois, além de não cantar, ficam a olhar para um ponto indefinido como apalermados ou, o pior, iniciam uma sessão de coça-coça de ouvidos, orelhas, nariz e até outros locais mais absurdos, numa irreverência desmedida ou, simplesmente, na costumeira indiferença.
Embora, quase todos, demonstrem uma admiração profunda pela reverência dos norte-americanos ao seu Hino e a sua Bandeira, não são capazes de apresentarem correspondente respeito e veneração pelos nossos símbolos.
Aliás, passamos a ser uma nação que considera virtuosidade desmerecer toda e qualquer virtude, depreciar toda disciplina desde a familiar até a escolar, das organizações e de todos os ambientes, numa completa, total e ridícula compreensão de que ser livre é poder fazer tudo o que é baixo, chulo, ridículo e que confronte a ética e os bons costumes.
Nem falar ou escrever certo é necessário mais; as composições musicais, por exemplo, beiram ao banal, ao sem-sal e aos apelativos de baixo calão; não se coloca uma indumentária apropriada para determinadas solenidades, não se respeita idosos e nem lhes é dada preferência alguma, ainda que determinada por lei que, por aqui, foi feita para não ser cumprida.
Resumindo: vive-se numa sociedade mal-educada, grosseira e chula. E, talvez, por tudo isto e muita coisa mais, vivemos numa sociedade vazia, massificada, mas, se achando livre!
Cheguei a pensar que houvéssemos morrido, todos!
Mas, felizmente, o que mais era contestado no nosso Hino Nacional, aconteceu: o gigante – que somos todos nós – acordou, recobrou a consciência e, de forma magistral, pela cabeça e pela boca dos jovens, deu novo grito de independência, de indignação e, em nome de milhões de nós que ficamos no conforto dos nossos lares, saíram às ruas e cantaram o Hino Nacional e fizeram suas as nossas cobranças que, medrosamente, engulimos anos-a-fio.
Nos estádios de futebol, durante a Copa das Confederações, a multidão de brasileiros torcedores, impactados e sacudidos pelo arrojo da juventude que nas ruas se entregava a estafantes passeatas, cantou, emocionada, o Hino Nacional Brasileiro que foi capaz, até, de sensibilizar e fazer cantar os atletas da seleção de futebol do Brasil, perfilados à frente da Bandeira Nacional.
Talvez a nação, agora, passe a entender o que significa o Hino e a Bandeira desse querido torrão brasileiro, e os respeitem bem mais!
Que passemos a entender que, apesar da generosidade Divina pelo “berço esplêndido” onde, gratuitamente, colocou a mim e a você, não é digno nem aceitável, a nenhum de nós, manter-se “deitado, eternamente”.
Que não esqueçamos, jamais, tal lição!
Ao menos, pelo respeito e reverência que merecem aqueles que, honrosamente, saíram às ruas e praças, erguendo a voz contra o desrespeito e a humilhação a que foi submetida a população brasileira, desde há muito, por causa da irresponsabilidade, da desonestidade e da mais alta perversidade dos desprezíveis homens e mulheres que elegemos para serem nossa voz, nossas mãos, nossas cabeças.
Quem sabe o Hino Nacional nos lembre, a cada um, a nossa responsabilidade em não contribuirmos com a bandalheira e a corrupção tão latente em nosso País, a ponto de podermos cantar com o coração: “...mas, se ergues da JUSTIÇA a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta”.
E, para começar, a partir desse movimento iniciado neste mês de Junho de 2013, busquemos novas lideranças a partir do próprio movimento e de quem o apóia, de forma a expurgar, o mais rapidamente possível, as inúmeras ervas daninhas de políticos que só sabem sugar os recursos e as benesses desta rica nação, numa sistemática e irreversível transposição de poder, de pai para filhos, netos, bisnetos, nos quais se mantém, cada vez mais refinada, a mesma raiz maldita da corrupção e da perversidade.
Até que, um dia enfim, possamos todos cantar com alegria e real patriotismo o nosso LINDO HINO NACIONAL BRASILEIRO!