Rio de Janeiro: Saúde Pública MARAVILHOSA

Ao citar o Rio de Janeiro, ressalvo estar me referindo ao Estado e à sua capital, que possuem o mesmo nome e detêm, ambos, um indicador positivo: o maior número de médicos por habitantes em todo o Brasil. Acrescente-se que a cidade do Rio possui a maior quantidade de hospitais da rede pública de todo o nosso país. 

Ora, o Governo Federal acaba de anunciar como solução para a deficiente qualidade dos serviços prestados pelo SUS, a vinda de médicos do exterior, os quais se somariam aos que já exercem a profissão no território nacional, sejam estes brasileiros natos ou não. Assim, fica caracterizado o reconhecimento, por parte das autoridades federais, de que os problemas envolvendo nossa saúde pública consistem essencialmente na quantidade insuficiente desses profissionais. Analisando a situação por este prisma, deduz-se que o Rio de Janeiro oferece uma assistência à saúde no âmbito da rede pública, digna do mesmo qualificativo dado merecidamente à cidade, denominada de MARAVILHOSA, em vista da pujança e encantamento de suas belezas paisagísticas. Pode-se concluir então, que  fluminenses - e cariocas em particular - têm acesso a uma Saúde Pública fazendo jus à  classificação de MARAVILHOSA.

Mas parece que a realidade não se apresenta exatamente assim. Com base em informações transmitidas pelas mídias e confirmadas por meio de conversas com moradores do Rio - cidade que conheço bem e onde residem parentes e amigos meus - os dramas lá enfrentados por quem recorre ao SUS são semelhantes àqueles com os quais se deparam habitantes de outras unidades da federação.

Fazem parte da rotina da rede SUS do Rio de Janeiro: escassez de ambulâncias, situação que leva famílias pouco providas de dinheiro a fazer uma mágica financeira ou recorrer à boa vontade de terceiros e assim alugar um veículo particular para transportar um doente   até um hospital; mulheres grávidas "que têm o bebê no corredor da maternidade e o recém-nascido cai de cabeça no piso" (pergunta-se:  chão limpo, pelo menos?); outro caso envolvendo gestante: "pariu na privada do nosocômio" (acho linda esta palavra); registra-se ainda falta de leitos e de macas nas unidades de saúde. E mais: tempo longo de espera para realizar um exame diagnóstico complementar em portadores de doença grave, que dele precisam com brevidade, sob pena de morrer sem que sequer se conheça a causa do óbito; disponibilidade insuficiente de medicamentos e de outros itens indispensáveis ao tratamento.

Óbvio que essa situação constatada no Rio de Janeiro não tem o mesmo nível de gravidade daquela verificada em cidades pequenas situadas em áreas remotas do país, sobretudo na Região Norte, onde, em se tratando de certas localidades, nem a presença de médico existe. Mas revela que, em se tratando de saúde pública, a questão não se restringe à falta de médicos e a solução dos problemas estaria longe de ser alcançada com a importação de mais profissionais. Sobretudo se esses profissionais vierem de Cuba, como é previsível. Médicos formados em Cuba têm um nível de capacitação comprovadamente inferior aos que cursaram a faculdade no Brasil. Tanto é verdade que o próprio Ministério da Saúde já informou que eles não vão realizar cirurgias, mesmo depois de passarem por um período de treinamento aqui no Brasil. Em exame de conhecimentos sobre a profissão a que se submeteram, apenas 6% (seis por cento) de médicos vindos de Cuba e já exercendo a profissão há algum tempo em nosso país, foram aprovados. No mesmo exame, estudantes do 5º (quinto) ano de medicina que cursam faculdade no Brasil, portanto um ano antes de concluírem os estudos, obtiveram 70% de aprovação.

Com vistas a garantir a presença de médicos em cidades onde eles não se fazem presentes, as entidades representativas da categoria médica vêm propondo há anos a criação de um plano de cargos e carreira específica para os médicos do SUS, prevendo, entre outras cláusulas a INTERIORIZAÇÃO da medicina, ponto sobre o qual discorrerei amanhã.

A bem da verdade, o atual governo demonstrou receptividade ao referido plano, porém...

Continua


Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 27/06/2013
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