Que ego!

Que ego!

Para você o ego é, apenas, o aplauso constante do talento e da criatividade de quem os tem; e aquele que rechaça tal comportamento, não conhece a arte e, tampouco, sabe da grandiosidade de tê-la. Toda a sua obra, que não é pouca, você ovaciona e saúda com os mais longos aplausos e elogios diversos. O ego convive, amiúde, com você, mas as sua defesa é a sua prolixidade de talentos e sua criatividade hiperbólica.

É fato que você incomoda muita gente, mas também você é culpado por provocar e disseminar o asco do outrem, pois um ser que tem a arte na vida, não é alguém que passe pela existência incólume às pedras da inveja. Mas, percebo que gosta de receber tais agressões causadas por uma frustração, pois seu ego permite recebê-las e, assim, você cresce sobre o cadáver lânguido e sem a gordura necessária para menoscabar seus múltiplos talentos.

A verdade é que sua obra é para poucos e as discussões que ela provoca, provoca em quem, apenas, assiste as suas múltiplas facetas na arte, uma raiva que engrandece o autor. Toda vaia ainda é pouca para quem desafia os limites da criação e todo aplauso não é suficiente para ovacionar aquele que conhece a essência da vida.

O seu ego me irrita, pois, em frente a você, lhe vendo silente e lhe mostrando fatos que você mesmo provoca, o seu olhar fixo me intimida; você se sente maior e mais vivo quando é desafiado e provocado. Percebo um sorriso irônico e um comentário em seus pensamentos vilipendiando tudo e todos que procuram, de alguma maneira, lhe atingir. Você não se sente Davi e nem Golias, você, um dia, me falou que é a pedra da funda e os cravos e chicotes que torturaram e reconstruíram a humanidade.

Você irrita quando mostra que é múltiplo, pois em um mundo pobre e definhado de talentos, você explicita facetas e mais facetas, mostrando com maestria os seus vários dons. É impossível amá-lo, platonicamente, sem desejar seu esquartejamento; todavia, sua onisciência devora os algozes com a exposição nas esquinas da vida de suas obras; tudo, premeditadamente, pensado. Mas, sua egolatria é profícua, logo, temos que aprender a conviver, caso contrário, você nos menoscaba com suas canções, crônicas, poesias, contos,... fico até com raiva em citar a sua produção e omito algumas na tentativa de definhar seu talento; tola tentativa, essa minha.

Você prefere elogios ou vaias? Hum? O aplauso, para você, é obrigação, pois a sua obra é tão grandiosa que deveria ser saudada como a própria vida. Que ego! E daí? Sei! Sua obra tem a liberdade e a anomia e vem para aborrecer os medianos e medievais, frutos de um conceito falível de mundo e críticas superficiais. Só rindo. E a vaia? Quer dizer que a vaia é o aplauso ao avesso e é necessária, pois até o bom filho apanha sem saber o porquê, mas a sua obra revida com o estranhamento que o néscio só poderá entender quando conseguir somar as estrelas do céu com as areias do deserto. Chega!!!!

Eu lhe aplaudo veementemente e lhe vaio, mas, certamente, para você nada disso interessa; você é o deus de sua criação e só você pode oferecer as saudações. Que ego!

Mário Paternostro