Velhas ditados, novos caminhos...
Quem nunca se viu absorto por velhos ditados populares? Especialmente naqueles momentos em que nossos pais e mães se dirigiam a nós para dar uma "bronca" por ter sujado o banheiro, quebrado aquele vaso raro que você não vê em canto nenhum ou por ter tirado uma nota vermelha. Enquanto crianças achamos estranho que tantos ditados sejam utilizados para reger o dia-a-dia de nossos pais. Contudo, quando crescemos passamos a entender esse mundo e a adotar esses ditados. Será?
Não posso falar por todos, mas tão somente por eu mesmo. Assim o sendo, lembro saudoso dos ditados que meus pais diziam: "quem cochicha, o rabo espicha", "Deus ajuda, quem cedo madruga", todos reiterando o perigo em fugir as regras ou aderir a uma vida de farras. Cresci ouvindo esses ditos. Um olhar curioso e outro medroso cruzavam esses momentos.
Contudo, com o crescimento, advém a maturidade. Passei a questionar esses ditos e a pensar se o mundo realmente deve se limitar ao conjunto de regras impostos nas falas dos meus pais, nos regimentos das escolas e na diplomacia de várias relações sociais. E aí veio a época da universidade. Os ideais revolucionários e filosóficos começam a ser conhecidos a partir de suas raízes. Estudo diversos pensadores, conheço a prática profissional em campo, percebo que o "mundo dos adultos" não é nada fácil...
Em um piscar de olhos, passei para o lado de lá. Virei adulto. Vivenciei protestos, passeatas pela paz, vi mudanças acontecerem. Algumas para melhor, outras para pior. Criei gosto por viajar, conhecer o mundo lá fora e interagir com pessoas, que nunca na vida sonhei em conhecer. Continuo aprendendo e andando...
No entanto, em quase 30 anos nesse mundo, a lembrança dos ditos populares da minha infância ainda perambula nos meus dias. Alguns deles começam a fazer sentidos, na medida em que outros vão surgindo. Meu caminho continua a ser desenhado, mas sempre com a lembrança dos ditos da minha infância, afinal se um dia meus pais pareciam sábios ao olhar agitado de uma criança, quem sabe eu também me torne um...
Andarilho das Sombras