O MAIOR TRIBUNAL.
Não há tribunal maior do que o levado dentro de nós. Seu nome é conhecido e apontado pela própria coletividade; CONSCIÊNCIA.
Por isto ele se encontra em plano mais alto do que os locais onde permanecem nos tribunais os magistrados. Se estão os juízes nos tribunais em plano mais alto, é para que sejam mais vistos e também julgados permanentemente pelo que julgam. Suas figuras estão destacadas por estarem em permanente julgamento. Fazer justiça é dar a cada um o que lhe é devido, e não há justiça mais severa do que a sentença que lavramos para nós mesmos. É esse decisório que se alastra e agiganta o séquito de depressões, de desencontros, dos desvios, enfim da desgraça que se abate sobre a alma e devora o corpo do egoísta.
Assim, é a consciência, o supremo tribunal ao qual nenhum outro se iguala, está em plano elevadíssimo, no “caput”, na cabeça, no cérebro comandado pela lei moral onde há sanidade, local onde a coerção das leis dos homens não alcança, mas a condenação existente é a mais profunda, máxima, exclui o condenado, isola o punido, aniquila, segrega, aprisiona, mutila, faz do egoísta maldoso um farrapo humano, um fugitivo da sociedade sem poder olhar nos olhos do semelhante.
Sob esse ângulo não há perdão para aquele que se desvia de sua obrigação moral com o ser humano, ainda que haja um Deus, ou o Deus de cada um, ou qualquer meta afastada de crenças, e Ele, embora seja perdão, faz expiar.
A Lei Moral é o padrão de todas as condutas, pautando qualquer estrada da vida, filosófica, religiosa ou não, traçado existencial que há de ser vivido. Pela consciência, o mal, egoistamente cometido, em ação ou omissão, martela incessantemente a consciência, grita pelo cometimento que existiu, persegue vivamente o punido e não deixa apagar-se a mancha inequívoca do malfeito; são os desígnios dados pelo arbítrio.
O julgamento em consciência é implacável, são antagônicos o público e o particular, naquele a pena é diversa, dosada por condutas proibitivas exercidas, pena pessoal, egressa da sociedade, corporal, restritiva da liberdade do corpo, mas que pode ser saciada, cumprida, nesta, particular, a pena é severíssima, dela não se pode escapar, caminha com nossa purgação, e adere à existência. Sua palavra penitencial chega a ser desproporcional ao nosso julgamento e retorno do agravo contra nós mesmos, somada a sanção, punição, majoradamente.
O egoísmo, o mal, que recusa a recepção do amor ao próximo, é mais forte que a fome e que o interesse material, este prontamente realizado. Ele está enraizado fortemente nas sementes da maldade. O ególatra incorpora a maldade viva e caminha pelo mundo com plurais caminhos, sofre, mas como arremedo de humanidade persevera na caminhada e passeia o passeio do infortúnio nas páginas da história.
Para o egoísta, ele e seus atos maléficos, omissivos ou comissivos, estão acima de qualquer valor. Suas vítimas são como os mártires, os perseguidos por falta de amor na contada história de crueldades.
Vivemos em comunhão social ainda que com todos os antagonismos existentes, é como se fosse um casamento coletivo, não podemos deixar de ser solidários ou ignorar o que ocorre a nossa volta, por egoísmo, conforto pessoal, não sermos incomodados, ou qualquer leviandade para com o ser humano nessa esteira da inconsciência pessoal, pois somos parte do convívio geral com a humanidade. Para todos e em particular para com quem temos obrigações, pela proximidade, devemos sempre ser solidários, minimamente.
Ao valor de absoluto contrapõe-se o de relativo. Ao bem contrapõe-se o mal. Esse pêndulo cristalizou-se nos sistemas de filosofia de Kant, criticismo, de Comte, positivismo e no evolucionismo de Spencer.
Os fins justificam os meios? Formulou Maquiavel a indagação. Para o desumano, egoísta, os seus fins justificam a inação, o egoísmo, a maldade mesmo silenciosa e inativa.
Há um eixo operacional a que todos deviam se curvar nas indagações valorativas. O mal não é necessário! A máxima, o pregão que atravessa os tempos, sem censuras, nos vem do tomismo, do venerável gênio aquiniano de São Tomás de Aquino, o filósofo dos filósofos.
A condenação dos egoístas, seus calvários, são como pontes que nunca chegam a nada, perdem-se na amplidão da recusa de compartilhar, dividem-se na ausência da solidariedade, apagam-se na incerteza que faz a origem da caminhada, por falta de luz.
REEDIÇÃO.