Vivendo em keyframe

E eu faço o que com o meu medo? Finjo que não o conheço como suposto aliado? E você faz o que com o seu medo? Chego ao futuro para dizer que você estará machucado em partilhar duas vidas?

O que eu faço com o ciberespaço onde existe algo, medo, vida e desespero?

Como ser adulto e fingir equilíbrio. Zelar autossuficiência e seguir em frente sem ousar sussurrar seu nome. Ser totalmente obediente na carne e aprisionar o limbo daquele momento.

Há quanto tempo eu te conheço mesmo? A desesperança me apegou.

Não dá para brincar de ser feliz quando o nosso passado é tão cruel perante uma faca de todos os grumos. Não dá para dilacerar-me por inteira quando era para se ter vivido nossos sentimentos na adolescência. Não temos culpa que o tempo falhou nas horas, dias e meses.

Eu estou aqui para dizer adeus. Vou pegar minha bicicleta azul e percorrer horizontes dantes nunca descobertos, tenho que deixar cada pedaço teu em cantos que aflora à aurora boreal.

Você fica para enfrentar toda correnteza que insistirá em pulsar, mas não dê ouvidos. Foram palavras que apenas se encontraram, se tocaram, se beijaram, trocaram afetos e afago, verdades e inocências. Palavras que em qualquer momento serão impressas em um livro sem memória.

Perco-me para me encontrar. Não sei se em outrora haverá tal sintonia. Porém, prefiro virar pó em ziguezague.

Terei de inventar novas palavras ao alfabeto. Pintar o céu de cinza falso. Avisar minhas plantas que foi um amor de raiz jorrando leite ainda não maduro. Como direcionar meus cavalos ao que poderia ter sido…

Só me faça um favor? Avisa tua criança que eu já sentia um ar de felicidade na biblioteca decorada por ele.

Covardia. Meu nome pertence à classe de um substantivo singular. Não tenho culpa que seus olhos vasculharam tanto minha mente ao ponto deu enlouquecer.

Amanhã pego o voo para aquela cidade que, um dia, algum catingueiro disse: Tu ainda passeará com seus sentimentos pelas dunas do campo. Traga-o, ficarei feliz em conhecê-lo.

Será que o encontro para dizer que meu destino finde em ser sozinha? Que ele não ouse em fazer quaisquer pergunta.

Acompanha-me Grande Sertão de Veredas? Guimarães Rosa também choraria de saudade.