VÂNDALOS E SÂNDALOS
Por Carlos Sena


 
Costumava ouvir dizer que “por falta de um grito se perde uma boiada”.  Pois bem, diante do povo na rua gritando – uns sabendo por que gritam e outros porque souberam que deveriam gritar e mais outros porque gritar sabendo ou não é o seu modo de vida – eis que surgem nesse meio os VÂNDALOS. Essas manifestações além do que elas contêm de positivo, nos remetem ao avivamento de termos que viviam ali, quietinhos em nossas gramáticas sendo utilizados sem muita ênfase. É o caso de “VÂNDALOS”. De uma hora para outra, meio que num passe de mágica eis que surgem eles, os VÂNDALOS. Pessoas travestidas de jovens ou por eles tirando carona, invadem as ruas e quebram tudo, principalmente os prédios públicos. Mas, a imprensa não dá trégua: “vândalos estão imiscuídos nos movimentos populares e dizimaram prédios públicos”, etc. Pois é. Vândalos é a palavra da moda. É a que faz a diferença entre os que vão gritar porque querem mudanças e os que vão gritar por nada e ainda aqueles que aproveitam para ser VÂNDALOS. Como vemos, o nosso idioma é mesmo muito rico. Da mesma forma que por “falta de um grito se perde uma boiada”, por uma troca de letra se transforma violência em perfume. Vândalos e Sândalos – uma combinação que em nada significa uma para a outra, mas que no fundo uma representa alguma coisa do demo, do capiroto, do cadeirudo, da má índole e a outra coisa dos deuses, dos perfumes que enlevam a alma aos céus. Como diz o Professor Pasquale “coisas da nossa língua Portuguesa”...