Fifa, devolva o meu guarda-chuva

"Você pode ficar embaixo do meu guarda-chuva, uva uva".

Senhora Fifa,

Quando fui ao “jogo” entre Espanha e Tahiti no Maracanã, passei pela revista antes de entrar no estádio. Durante o procedimento, seus funcionários confiscaram o meu guarda-chuva. Primeiramente, eu gostaria de saber o motivo disso (#imaginanacopa). Por algum acaso, o utensílio poderia servir como arma para atingir outros torcedores? Duvido muito, porque ele mal consegue me proteger da chuva, imagina atacar alguém. Entre os guarda-chuvas, o meu seria mais ou menos como aquele garoto gordo, espinhento, nerd, que não pega ninguém e que nunca é escolhido para o time de futebol da turma. Sendo assim, ele é inofensivo, mas porque a senhora se sentiu tão atraída por ele a ponto de retirá-lo de mim?

Confesso que fui ao jogo com uma grande expectativa, afinal, eu veria em campo craques da estirpe de Xavi, Iniesta, Pedro... Porém, a Espanha entrou com reservas em campo! Tudo bem que mesmo assim a Fúria goleou seu adversário, mas não deixei de ficar frustrado. Para compensar a minha infelicidade, eu esperava ganhar algum brinde da organização do jogo, como um boné, um chaveiro, um adesivo, qualquer coisa, mas, além de não presentearem com nada, ainda tomaram o meu guarda-chuva! Convenhamos que deixar um garrafão de Listerine no banheiro para que os frequentadores possam se servir é legal, mas qualquer um fica enjoado e com a língua dormente depois do terceiro copo.

Como eu já disse, meu guarda-chuva nunca me protegeu muito da chuva, mas impediu que eu chegasse em casa várias vezes encharcado, apenas molhadinho (ui). Com certeza, deixei de morrer graças a ele. Morrer? Sim, claro, afinal, alguma pneumonia ou gripe mais forte ele deve ter evitado. E como nosso sistema de saúde não é dos melhores, alguma dessas enfermidades poderia ter me matado. Ou pior: eu poderia ser vítima de erro médico... Já pensou, chego ao hospital para tratar uma garganta inflamada e realizam uma cirurgia de troca de sexo? Deve ser um saco sentar toda vez que precisar fazer xixi.

Além de sua função primária, meu guarda-chuva também me ajudou algumas vezes a escapar da sarjeta. Digo sarjeta no sentido literal. Semanas atrás, um carro passou rente à calçada atirando água em todos que estavam no ponto de ônibus. Fui o único que ficou a salvo, visto que saquei de imediato meu guarda-chuva. Meus movimentos são friamente calculados.

Já houve também uma ocasião em que usei meu guarda-chuva para me proteger de bandidos armados e perigosos – lê-se um menor periculoso que proferiu a seguinte frase para mim “perdeu, preibói”. Prontamente, saquei meu guarda-chuva (perdão pela repetição excessiva de guarda-chuva, mas é que faltam sinônimos para o aparato) e o atingi fortemente. Não o machuquei, mas ele morreu de rir da situação.

Enfim, querida Fifa, devolva o meu guarda-chuva. Sim, sim, eu sei que recuperá-lo deve ser algo muito difícil, mas eu aceito em troca ingressos para a final da Copa das Confederações.

Ou...

Já que bastante tempo passou e vocês ainda não me compensaram, aceito ingressos para a final da Copa do Mundo.