A VOZ DAS RUAS
Por: josafá bonfim
Custou, mas enfim o povo despertou da letargia em que se encontrava durante seguidos governos; com agravamento nessa Era do Lulopetismo.
O sentimento cidadão eclodiu forte e o grito de basta sacou das gargantas juvenis, enchendo ruas e praças, numa avalanche de protestos contra um sistema político vicioso, e corruptível, com anteparo na impunidade.
Os escândalos financeiros, a sangria dos cofres públicos para favorecer empreiteiras, bancos e apaniguados, chegaram a níveis alarmantes. A corrupção eleitoral, o descaso com a saúde e a educação a ineficiência de transportes públicos e mobilidade urbana, fazem parte do cardápio enfastioso que as massas agora regorgitam na mesa farta da burguesia política.
O país asfixiou-se na mais corrupta forma de fornecimento de campanha, que tornam os eleitores mercenários e os políticos reféns de lobistas, empresários, agiotas, na mais escancarada impunidade, sob o olhar omisso de autoridades venais.
A inoperância das instituições, o descaso com os serviços públicos e o atendimento precário às demandas sociais, atingiram um patamar insuportável. Some-se a isso uma carga tributária extorsiva, sem o devido retorno ao contribuinte.
O uso indevido da máquina pública no certame eleitoral e o cinismo de maus gestores e políticos que a manipulam a seu favor, só poderiam dar no que deu. Os clarins dos desassistidos e indignados vieram à ribalta. Sacou a válvula da panela de pressão, o próximo destrambelho é imprevisível.
Ante tudo, só faltava a boa nova. E ela demorou mais veio, e veio de forma difusa e contagiante. Sem orientação, sem coordenação, à revelia de partidos políticos e sindicatos, bem do jeito e agrado da opinião pública, embora existam os previsíveis excessos creditados aos baderneiros e vândalos. Mas numa intensidade que não compromete a evolução nem o acato popular, como quer distorcer a imprensa vendida e comprada.
O Congresso Nacional vinha anulando-se ante o flerte do executivo, enquanto o judiciário amiudou-se frente as aberrações, por também se servir de benesses. Essa relação institucional incestuosa corria solta em todas as esferas de poder, seja federal, estadual ou municipal e agora deságua no turbilhão de vozes avassaladoras.
O povo cansou e resolveu cobrar dos seus representantes uma reforma urgente no modelo político, pois o reinante desde a redemocratização do país faliu por incúria, sem nunca atender as expectativas das massas; que à luz da evolução tecnológica e com o advento das redes sociais, despertou-se e agora reivindica seus direitos suprimidos.
Acuada, Dilma Rousseff corre contra o tempo, pois a nova onda que começa a desconstruir sua popularidade fabricada; ameaça também fazer água no seu (antes provável) segundo mandato, hoje não mais tanto assim.
Daí a reunião à toque de caixa da semana passada, com governadores e prefeitos, para fechar um pacote de medidas capaz de conter a sangria aberta. Resta saber se vai continuar dando ouvidos aos velhos coiotes, que por arte do corporativismo e da negociata, corroeram o país provocando um imenso abscesso.
Como toda classe política está com a barba de molho, a leitura que se faz dos acontecimentos, é que alguma nova ordem deva estar saindo das caixolas dos próceres na feitura desse pacto e com ela um bafejo de prosperidade.
...Que o cérebro pensante do steff mandatário queime uma boa quota de neurônios, papel que delegaram nos últimos tempos às alquimias dos marqueteiros, que nesses tempos de vendavais, devem estar em baixa produtividade.
A bússola do parlamento agora terá que se mexer no sentido inverso do que tem feito. Ou seja: volver-se a favor de quem verdadeiramente deveria representar.
O rebojo da onda avassaladora que invade ruas e contagia almas, também deva ter varrido a mente mercenária dos incorrigíveis arquitetos de tramoia e fabricantes de mito.