Um Amor de Rosa

Houve um tempo em que praticamente só existia uma igreja. Embora houvesse homens que vissem de formas diferentes a maneira de se chegar a entendimentos, procedimentos e condutas objetivando o bem estar comum. Todos concordando em que o bem estar espiritual devesse prevalecer sobre o material.

Hoje existem várias igrejas, reunindo os pensamentos de seus idealizadores como também a deturpação deles. Seus entendimentos, procedimentos e condutas passando a ser, de uma forma bem genérica, vendidos aos que se interessarem. Sob a forma de propaganda para jornadas mundiais da juventude; de apresentação de artistas evangélicos em megaeventos desse segmento no Aterro do Flamengo, por exemplo, no Rio de Janeiro; de CDs de padres cantores; e até mesmo sob a forma de custo em dólar para obtenção do título de determinada religião se você se casa com pessoa cuja religião não era a sua.

Como hoje tudo é considerado sob o ponto de vista mercadológico, até em países que nada teriam a ver com o capitalismo, não devemos nos assustar com a expressão cada vez mais concreta e definitiva desse mercado ecumênico religioso. Invertendo-se agora a predominância do espiritual sobre o material.

Nesse contexto, líderes religiosos que, num passado remoto, dentro ou fora do cristianismo, foram o embrião para as ramificações de religiosidade duvidosa que proliferam em nossos dias, certamente estarão bem longe do que hoje se professa em nome deles. Tal é o caso, por exemplo, de Jesus Cristo. Que nada tem a ver com o Papa. Não por não ter andado de papamóvel. Mas por não ter sido estadista, governando um estado rico e dono de incontáveis títulos de propriedade privada. Somos levados a imaginar que com todas as outras religiões dificilmente não aconteça o mesmo.

Ou seja, o nosso grande Deus parece ser a matéria. Por mais que juremos que ela é perecível. O que não foi suficiente para que ela deixasse de suplantar o espírito. Por mais que a gente reconheça quando o cachorro está sorrindo. Ou quando a rosa diz que nos ama.

Rio, 24/06/2013

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 25/06/2013
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