UM OÁSIS NO SERTÃO

(*) Edimar Luz

Durante as grandes secas que assolaram a região de Picos ao longo do tempo, o rio Guaribas era uma espécie de oásis em meio à dramaticidade que aquele fenômeno acarreta. O velho rio sempre amenizava de forma generosa a terrível situação por que passava a nossa população e os animais da nossa pecuária. Portanto, graças ao rio Guaribas era possível sobreviver naquelas circunstâncias, aqui neste sertão de clima semiárido e de temperaturas elevadas onde as chuvas são irregulares e as secas periodicamente sempre eclodem de forma devastadora.

Assim a situação da população camponesa era terrivelmente dramática, e a umidade e as águas do nosso Guaribas eram milagrosamente importantes para a sobrevivência dos seres vivos ao longo do tempo. Em seu leito arenoso e úmido plantavam-se naquelas circunstâncias, feijão, milho, melancia, abóbora, batata-doce, maxixe, verduras e outros, para saciar a fome da população, além de pastagem para o gado. Para o aproveitamento da água que se acumulava no subsolo, pequenas e rasas cacimbas eram abertas no leito do rio onde a água aparecia e aflorava facilmente. Bem sabemos que o Guaribas é um rio de regime pluvial, pois depende basicamente das chuvas; por isso, ele é temporário ou intermitente. Mas, mesmo com a correnteza às vezes interrompida, no seu leito sempre existiu água em pouca profundidade. Além de possuir a fertilidade dos solos aluviais das várzeas fluviais. A água é a maior riqueza natural do espaço piauiense. E a água potável, isto é, própria para o consumo humano, deve, por exemplo, ser sempre cuidada com muito carinho e sensatez. A água é o líquido precioso responsável pela vida animal e vegetal no nosso planeta.

É preciso ainda ressaltar que a água pura está se transformando no produto mais precioso do mundo e que o Brasil possui mais ou menos um terço das bacias fluviais da Terra e mais de 10% da água doce do nosso planeta.

À guisa de exemplo, ressalto aqui que no ano de 1932 a nossa região foi afetada e flagelada por uma seca devastadora, que assolou nosso chão sertanejo e que culminou com a perda quase total das plantações e do gado, além do inevitável sofrimento humano. Mas, salvou-se Picos, graças à existência maravilhosa e providencial do nosso rio Guaribas, que felizmente funcionava, nessas circunstâncias, como um verdadeiro oásis em meio a este sertão seco e de sol causticante e escaldante.

Obs. Do meu livro GUARIBAS: LEMBRANÇAS E HISTÓRIAS DE UM RIO.

(*) Edimar Luz é escritor/cronista, poeta, memorialista, compositor, articulista, professor e sociólogo, formado em Recife – PE.

Picos - PI, 10 de setembro de 1999.

Edimar Luz
Enviado por Edimar Luz em 24/06/2013
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