São os idosos que nos fazem perder tempo em filas?
Sempre reclamamos que a sociedade não beneficia indivíduos e/ou grupos, ou, que os poucos ganhos conquistados são insuficientes. Tentamos lutar de todas as formas para a obtenção do que consideramos direitos humanos inalienáveis e universais. Entretanto, estamos cada vez mais desconfortáveis com a prerrogativa dos idosos (acima de 60 anos), ao atendimento priorizado, principalmente em agências bancárias.
O desconforto caracteriza-se pela maior espera nas filas. Claro! Estamos sempre apressados e, de forma alguma, permanecer em pé, aguardando atendimento por um tempo demasiado longo, é agradável. Porém, tornemos justa a “causa injusta”. Sem abuso do termo, é justo o direito desses nossos concidadãos. Trata-se aqui de uma forma de reconhecimento da sociedade aos anos de serviços prestados e, à própria idade – também conquistada –, que não limita a alma, mas certamente, limita o corpo.
Dispõem eles de mais tempo que nós? A maioria sim, mas, se assim não fosse, qual seria o benefício? Ou os consideramos desmerecedores de tempo para uma boa prosa com os amigos, para enfim, nessa altura já limitadora de tantas outras atividades, terem tempo para perder a pressa? No conforto adquirido, desconfortáveis estão, diante de olhares duros e gestos demonstrando desagrado.
O tempo estendido e perdido em que ficamos na fila, não é responsabilidade dos idosos; olhemos insatisfeitos na direção certa: as agências bancárias é que de fato nos desrespeitam. Essas instituições que prezam antes de tudo, lucros, não dispõem de atendentes suficientes. Eis a questão! Em certos horários, contamos com apenas dois caixas abertos para o atendimento; em outros, vemos guichês vazios… A lei da fila do Banco que nos garante um atendimento em no máximo 30 minutos, está posta. Por que não nos mobilizamos para que seja de fato efetivada? Só depende de nós. Quando identificamos o verdadeiro inimigo, certamente, a luta vale a pena. Propagandas enganosas prometendo-nos amizade, respeito, escolhas, atendimento personalizado… Vamos atraídos como abelhas pelo mel, mas, o sabor é, em verdade, amargo; o amargor nos faz olhar na direção errada. Olhar apressado, que por não se demorar na questão, vê nos efeitos vividos a causa equivocada.
Viver e conviver são indissociáveis. Voltemos à delicadeza perdida. Não nos enganemos ao condenar o direito dos outros; vamos nos mobilizar em prol dos direitos que também temos. Aí é que faz morada a diferença. Um olhar na direção certa pode mudar nossos dias e, ouso dizer, nossa vida.