Pula a Fogueira, Iô, Iô
Salve São João
Há pessoas que passam por épocas diferentes. Têm um período de vida mais largo. Outros desaparecem dentro de determinadas épocas. Obviamente, com poucos anos de vida. Por isso, de certo modo torna-se meio imprecisa a expressão “ah, no meu tempo”. Porque, na verdade, as pessoas vivem no seu tempo, onde tudo acontece do modo que tem de ser. Se elas conseguem chegar a outras épocas, as situações são diferentes. O tempo é outro. Mas é este o seu (novo) tempo. Perdendo um pouco o sentido, portanto, a referência àquele outro tempo em que a pessoa viveu.
De qualquer modo, não se pode impedir que pessoas que viveram épocas diferentes estabeleçam comparações entre elas. Trata-se de uma prerrogativa que nem todos têm.
Quando se chega, por exemplo, numa festa junina hoje, tendo-se frequentado festas desse tipo antes de 1973, pode-se notar, se houver interesse, algumas diferenças. Não há mais estalinho, bombinha, cabeça de negro, rodinha, estrelinha, busca-pé, chuveiro, balão japonês (os maiores não eram soltos em festas juninas, mas pertenciam à época); e ainda fogueira, quadrilha com pessoas da rua, cadeia, igreja, casamento com noiva, padre e público, bandeirinhas, gambiarras para iluminação, rostos de meninos com bigodes de carvão, barraquinhas de pescaria, da boca do palhaço – com o detalhe de que nada era cobrado – e outras coisas. Não dá pra lembrar de tudo.
As festas juninas de hoje são um pouco diferentes. O que é natural, porque a época é outra. Basicamente tem-se música, comida e bebida.
Quanto à música, que, aliás, nos esquecemos de falar no parágrafo anterior, pode-se eventualmente ter um conjunto de forró, mas a temática não precisa ser necessariamente junina. Como há 40 anos. O que também acontece se a música for mecânica. Onde poderemos ouvir house, deep house, funk, pagode, samba, rock, bolero, etc.
No que se refere à comida e bebida, as pessoas “praticamente saem na porrada”, antes da realização do evento, para terem o direito de montar uma barraquinha. Não para a boca do palhaço ou para pescaria, mas para vender doces, salgados, churrascos, salsichões, cafta, pães, petit gateau, sorvete, caldos e todo tipo de bebida. Há muitos que dependem dessas barraquinhas para o aumento de sua renda mensal.
No entanto, os que passaram por épocas distintas jamais devem incorrer no erro de considerar as festas de ontem melhores que as de hoje. Muito mais confortável é dizer que são apenas diferentes. Como faz o Salgueiro, em relação às Escolas de Samba.
Rio, 23/06/2013