Um Brasil que me ASSUSTA
O povo na rua, gente gritando palavras de ordem, cantando o hino nacional... Fiquei feliz com as manifestações do povo brasileiro nesses últimos dias, apesar de algumas badernas e da falta de foco. Para um cara como eu que sempre enxergou os brasileiros como individualistas e acomodados, foi uma bela surpresa. Foi interessante ver uma manifestação inicialmente localizada e com um objetivo bem definido, de repente, acabar envolvendo toda a nação, sobre os mais diversos pretextos. Num país com tantos problemas, motivos não faltaram: corrupção, farra com o dinheiro público, falta de hospitais, ensino público precário, obras importantes abandonadas, inflação... Apesar da conquista primária, a redução dos preços das tarifas dos transportes coletivos, acho que valeu, sobretudo, para despertar a consciência política em muitos. É o que espero! Não que eu bote muita fé, pois é claro que as manifestações não mudaram muito minha opinião. Ao longo dos anos, como um bom brasileiro, fui deixando meus ideais de lado e aprendendo a lutar por mim. Consolidando minha falta de confiança na política deste país e no nosso povo. Apesar de agora poder dizer que vi uma faísca, é preciso bem mais para reacender minhas esperanças.
O problema é que o nosso povo enxerga muito pouco à frente e é fácil para uma corja de políticos nos tratar como índios, tentando pegar o nosso ouro em troca de espelhos fajutos.
É por isso que a inflação está de volta, batendo na nossa porta. Foi o que o Lula fez para eleger a Dilma, brincando com a economia do país nos seus dois últimos anos de mandato, diminuindo taxas de juros, facilitando créditos e aumentando os gastos do governo. E o povo entrou de cabeça em tudo quanto é financiamento.
Qualquer um que entende um pouco de economia sabe que facilidade de crédito e aumento dos gastos públicos turbinam o desenvolvimento, gerando empregos e ares de prosperidades a curto prazo, mas o efeito colateral, um pouco mais adiante, é a inflação. O programa "Minha casa, minha (di)vida", por exemplo, aqueceu violentamente a economia, mas jogou os preços dos imóveis nas alturas. Não que eu seja contra o programa, de forma alguma, mas deveria ter sido feito com mais critérios: aos poucos, exigindo determinados padrões de construção e melhor dirigido ao público de baixa renda. Ai sim o subsídio teria feito realmente diferença, mas da forma que foi feito, em pouco tempo, ele já não significava quase nada frente aos preços dos imóveis.
Hoje, nossa economia não é nada saudável, é como um cara que aplicou esteroides para ficar musculoso e agora enfrenta um câncer. Só que ainda não dá para ver o tamanho do tumor. Não dá para entender o quadro que se pinta. Com o povo endividado como está, se a inflação continuar aumentando, creio que muitos não poderão honrar suas dívidas. Por outro lado, num segundo momento, essa economia enfraquecida, dependente desse consumo interno financiado, não conseguiria manter o desenvolvimento, tenderia a recessão. Bagunçou tudo na minha cabeça, não consigo imaginar qual o ponto de equilíbrio! De qualquer forma vão ter que segurar a inflação, só que essa desaceleração vai ter que ocorrer de forma bem lenta. Sei lá!
E como controlar a inflação?
Há pouco tempo li algo que me deixou mais assustado, que o governo vem, já faz tempo, subsidiando a gasolina e que sem esse subsídio o preço passaria a mais de quatro reais por litro. Esse subsídio gera um gasto enorme para o governo que hoje importa quase 15% do combustível que consome. Apesar disto, reduziu o incentivo na produção do etanol. Olha só a incompetência dos brasileiros! Para um pais que acreditava que um dia poderia ser a "Arábia Saudita do etanol" para o mundo! Quando os americanos abriu o mercado foi para nos vender seu álcool de milho. Parece piada?!
Mesmo o álcool de milho sendo muito inferior em termos de rendimentos com relação ao de cana, fico imaginando o quanto os americanos no batem em termos de eficiência na produção e logística. Essa última foi fácil ter uma ideia, numa outra reportagem vi que com o custo de cem quilômetros aqui, eles percorrem quatro mil quilômetros lá. E pensar que nosso governo já gastou milhões na Ferrovia Norte-Sul e além de não concluir a obra e dos vários indícios de corrupção, um longo trecho teve a capacidade comprometida por causa do erro na compra de aço chinês!
Com relação a produção, não por culpa dos nossos produtores rurais, que ano após ano, apesar do pesares, vem batendo recordes de produção. Mas temos que tomar cuidado, pode ser por pouco tempo. Se depender da FUNAI, a exemplo do que vem acontecendo no Sul do país, eles poderão perder suas terras para os índios! E índios Paraguaios, ainda! Parece piada?! (Retiro o que disse quando falei que alguns políticos nos trata como índios, pois acho que alguns já até preferiria que fosse assim.)
E por falar em China, mas um susto que levei essa semana: alguns empresários que conheço aqui da região, ao invés de aumentar suas unidades de produção, decidiram negociar com os chineses para produzir lá e passaram apenas a comercializar o produto. Vários empregos deixaram de ser criados aqui. Sei que isso vem acontecendo no mundo inteiro, só que estou falando de empresas relativamente pequenas. A facilidade me espantou!
Caralho! Se continuar assim não sei o que vai virar!
Haja manifestações para corrigir essas bostas todas.
E olha que tem merda para continuar escrevendo.
Dá mesmo para perder o foco.