Pode-se confiar na eficiência policial?
Aproximadamente um mês atrás, ou pouco mais, um homem foi preso aqui em Curitiba. O homem era acusado de ter furtado um carro e na fuga ter atropelado um casal que estava em uma motocicleta, e infelizmente uma jovem veio a falecer.
O leitor deve imaginar a comoção popular que este tipo de situação acarreta. E foi o que aconteceu porque no dia seguinte já havia um retrato falado do sujeito, baseado em câmeras de filmagem que se localizavam próximas ao local do acidente. Dois dias depois do acontecido já tinha um sujeito preso com base no retrato falado e nas imagens das câmeras que eram exibidas exaustivamente pelos canais de televisão.
Passado poucos dias da prisão, eis que surge na televisão nova reportagem sobre o caso afirmando que o cidadão preso não era o sujeito que tinha atropelado o casal na moto. O cidadão que fora preso, no momento do acidente, estava na casa de sua mãe onde fora buscar a esposa e o filho. O cidadão tinha imagens do sistema de monitoramento do edifício onde residia sua mãe, e estas imagens mostravam o momento em que havia entrado e saído da residência materna, ou seja, no momento do acidente o cidadão estava com seus familiares. O cidadão acrescentou ainda que a polícia não queria receber as imagens e criou dificuldades para liberá-lo.
Caro leitor, além da flagrante injustiça que felizmente foi saneada, tem uma pergunta que não quer calar e que foi formulada pelo advogado do cidadão. O advogado perguntou e se a pessoa que tivesse sido presa não tivesse a mesma sorte de seu cliente e não possuísse um sistema de monitoramento em sua residência? A essa pergunta pode-se acrescer outra, e se o sujeito tivesse ido jogar bilhar em algum bar ou tivesse ido a qualquer lugar que não tivesse câmeras de monitoramento? O desfecho de tais situações hipotéticas certamente o leitor já conhece.
Certamente o leitor também deve saber que a grande maioria da população não possui sistema de monitoramento em suas residências, e qualquer sujeito que se enquadre nesta situação, se fosse preso certamente teria pago por um erro que não cometeu. Ao escrever esta crônica me vem à mente casos, que me foram contados, de pessoas que foram presas injustamente e pagaram por erros que não cometeram. Além da pergunta do advogado, acima citada, vem à mente outra pergunta que não quer calar: podemos confiar na eficiência policial?