Quando eu adoeci...
Hoje acordei sem a certeza dos dias que se seguem, sem ter em mãos, aquela esperança de sempre na gente. Acordei, sem as tuas mensagens e ligações. Acordei sem você, sem sentir você, aqui, em mim.
Adoeci...
Pela falta de compreensão e empatia. Adoeci pela falta de verdades que precisavam e deviam ser ditas, e não foram. Pela falta do meu querer, envolvido no teu. Adoeci, a partir do momento em que o nosso olhar se distanciou, e a poeira aos poucos foi varrida pra debaixo do tapete com os nossos segredos e bagunça. Devíamos ter nos despido. Mostrado assim, de cara, a nossa realidade, nossas bagagens repletas de coisas nem tão agradáveis assim de serem vistas, nem sentidas. Nosso gosto meio amargo, e jeito agridoce de ser. Adoeci pelos mesmos motivos que você. Adoeci pelo silêncio gritante que perturba a alma, do outro lado da linha, e nos cala. Silêncio que invade porta adentro, dos nossos corações. O meu, e o teu.
Ouvi dizer, que nessa história quem finge melhor, é quem mais está dilacerado, catando no chão gélido os seus pedaços. Engraçado, nunca imaginei me sentir em desvantagem por saber lidar em silêncio com as minhas dores. Acostumei a viver com sorriso nos lábios, ainda que a felicidade passasse longe. A verdade, é que sempre tive um poder persuasivo um tanto forte e agressivo. Conseguir convencer as pessoas do que eu quero que elas acreditem, hoje eu enxergo, não é lá essa vantagem toda. É solitário, triste e uma espécie de vida sem bases. Sou do tipo que demora para repensar nas coisas, do tipo que leva tempo pra digeri-las. Levamos um tempo pra fazer a digestão de certas coisas, e eu passei a entender que meu tempo é diferente do que eu costumo desejar. Que as coisas, por mais simples que sejam, possuem uma importância valiosíssima para mim. Que eu me apego às palavras, talvez hoje, com mais intensidade do que antes. E minhas dores costumam desencadear outras sem não obtiverem a atenção certa. Que por dentro, a ferida leva muito mais tempo para ser curada, ainda que por fora a cicatriz já esteja à mostra. Que eu sou uma fonte inesgotável de embaraços, e surpresas que você pensou saber, e esperou.
Adoeci, quando percebi que, um "tanto faz", passou a existir em nós, ao invés de um"vamos fazer valer"!