O gigante besta fera

"O gigante acordou!" Eis o brado retumbante de um povo heroico!

Até que enfim, bradam também outros tantos a engrossar o couro.

Pois é. A panela que até ontem cozinhava na tranquilidade de um banho maria, hoje acordou borbulhando, na pressão. O gigante acordou!

Até que ponto? Longe de querer entornar o caldo, que já faz transbordar a panela do prefeito e do governador, a pergunta pede reflexão.

Sim, porque afinal, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Não sei muito bem o que me fez escrever essa bobagem. Talvez o hábito criado pela exaustiva audição de um dito popular.

Mas, voltemos ao assunto. O gigante acordou e acordou ladrando em alto e bom som. Não sei, mas alguém me dizia quando eu era criança que o ladrar de um cão não queria dizer lá muita coisa. Pois é. Cão que ladra não morde. Opa! Desculpem - me os leitores. Acordei hoje reproduzindo ditados populares, que mais divertem do que dizem algo realmente sério.

Mais uma vez, falemos do tal gigante, que acordou cheio de orgulho e ufanismo. Aliás, com esse mesmo orgulho e ufanismo, o gigante já cansou de gritar "é campeão" mundo afora. Cinco vezes, mais precisamente.

Mas espere aí! Agora o gigante quer algo mais. Parece já ter cansado de ser alimentado a pão amanhecido e um circo que, longe de divertir o público, só diverte a si próprio. O gigante não quer saber de chuteiras, embora ainda pare por noventa minutos de sua vida em frente aos telões por aí espalhados, afinal é preciso descansar de tanta luta. E esse gigante luta e como luta. É bem verdade que talvez falte um pouco de estratégia. Mas a paixão exacerbada não quer trabalhar com a cabeça. Além do mais, quebrar o patrimônio público não significa nada. O gigante "pensa" em algo maior.

Tudo bem, vai. Vale tudo! O gigante acordou! Acordou com fome, com sede. Sede de justiça!

É isso mesmo! Queremos nossos direitos, afinal dever é uma palavra muito pesada e com ela o gigante se assusta um pouco...

O meu direito acaba onde começa a valer o do outro. Me escapou outro dito daqueles. Êta que esses ditos tão danados hoje! Que outro? Quem é o outro diante da massa que compõe o gigante? Quero lutar! Faço parte do gigante. Quem sabe até, um dia eu não assuma as rédeas dele no lugar de uma comandante (ou comandanta). Farei tudo diferente! Ou melhor, farei tudo igualzinho, mas direi que será diferente, porque as rédeas do gigante trocam de mão de tempos em tempos. Isso é importante! O gigante cansa de ser comandado por uma mesma mão!

Agora o gigante não dorme mais.

-Mas, sr. gigante, uma perguntinha:

Ao invés de sua rédea trocar de mãos, não seria melhor trocar de ideia ou de conceito? Afinal sem uma cabeça um tantinho lúcida que seja, o sr. vai continuar andando sem rumo, feito uma besta fera.

Marcello Santos
Enviado por Marcello Santos em 22/06/2013
Código do texto: T4353214
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