DENTRO DE UM CARRO NO ENGARRAFAMENTO

Dentro do carro de luxo eu ouvia uma música, observava ao redor as pessoas circulando, talvez carregando seus problemas ou simplesmente caminhando felizes rumo ao trabalho ou outro lugar qualquer. Eu estava pouco preocupado com o que iriam fazer e sim com aquele monte de carros que estavam a minha frente sem me deixarem seguir meu caminho. Não adiantava buzinar, reclamar ou tentar forçar passagem, pois o engarrafamento era normal na cidade e eu achava que todo mundo tinha carro e que era comodista como eu. A música no carro aliviava a minha tensão, me fazia relaxar e lembrar de coisas que eu estava esquecido, alguma coisa que pudesse fazer assim que tivesse tempo. Tempo? Eu nunca tinha tempo, estava sempre ocupado com alguma coisa, às vezes coisas que nem eram necessárias, que poderiam ficar para depois. Mas deixemos isso de lado, vamos esperar que esse trânsito ande, que me tire dessa chateação, dessa longa espera que só me irrita. Não fosse a música que tocava nem sei o que faria, nem imaginava o que se passaria na minha cabeça. Trânsito louco, cada dia pior, não vejo como melhorar essa situação caótica dessa grande cidade, seria até melhor ir morar no interior onde não houvesse carros, que tivesse apenas uma charrete para a minha locomoção.

Eu estava li sentado numa praça do grande centro urbano, era hora do descanso para o almoço e questionava comigo mesmo o porque de tantos carros nas ruas causando engarrafamentos, poluindo o ar, fazendo barulho com buzinas estridentes. Não, eu não estava dentro de algum carro ouvindo música, sinceramente não. Eu tinha vontade de possuir um automóvel, de ser uma pessoa estabilizada na vida e mesmo com esse transtorno no trânsito estar ali dentro de um carro, ouvindo música e esperando o trânsito fluir. Sou pobre para isso.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 21/06/2013
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