Rolo Compressor

As imagens são claras. Em São Paulo, manifestantes começam a ocupar uma estrada, ou uma daquelas marginais, e obrigam carros, ônibus e carretas a deixarem de trafegar. Interrompem o tráfego. Alguns veículos ainda se impõem, mas logo surgem outros manifestantes. Muitos mais. E, é claro, como passar por cima de todos? Chego até a me lembrar, evidente que sem a mesma conotação, do seriado “Walking Dead”, de quarta ou quinta categoria, apresentado por uma das TVs abertas. Em que você mata um dos mortos-vivos e logo surgem outros pra você enfrentar.

O mesmo poderia acontecer com blindados ou caveirões que fossem utilizados para o enfrentamento da população. Porque eles não teriam como passar sobre todos os manifestantes. Até porque seria um poli ou multicídio generalizado que acabaria por espantar o mundo todo de vez.

Também em São Paulo um motorista com seu carro é impedido de trafegar. Resolve dialogar com os manifestantes. Como não há entendimento, decide arremessar o veículo contra os que protestam. Um deles é morto, e o motorista abandona seu carro e foge.

Com essas demonstrações de coesão, com esse super-bond unindo todo mundo, torna-se extremamente difícil vencer a massa. Daí o slogan consagrado, que não pertence à esquerda ou à direita, nem ao centro: “O povo unido, jamais será vencido”.

Dentro dessa perspectiva, nada há de tortuoso no caminho para se conseguir a redução das passagens dos coletivos; para se destituir um tal de Feliciano do cargo eletivo que ocupa; para se instituir o voto facultativo, que tira do povo a obrigatoriedade de eleger candidatos que se valerão dos mandatos para eventualmente desviar o dinheiro do contribuinte; para que, finalmente, sejam adotados programas, projetos e medidas que beneficiem quem nunca foi beneficiado.

Esse é o verdadeiro rolo compressor. Expressão com que nos referíamos, há algum tempo, a um clube de futebol, no tempo em que o Brasil era de fato, embora não de feto, o país dessa modalidade esportiva.

Rio, 21/06/2013

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 21/06/2013
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