Acordamos do berço esplêndido

O “quê” falar... Na verdade, não há palavras para exprimir esse sentimento. Todavia nunca foi tão bom ouvir dizer: “Sou Brasileiro”. Talvez essa palavra “Brasileiro” nunca tenha alcançado uma dimensão tão transcendental como agora.

Nós estivemos dormindo por tempos incontáveis. Sobrevivemos respirando sonhos por séculos e, afinal, nossos sonhos não nos trouxeram a DIGNIDADE esperada que está insculpida na nossa constituição como um sol. O despertar desse sono nos trouxe, de uma só vez, a realidade que foi construída em nossa ausência dentro desse sonambulismo. O que vimos ao abrir os olhos... Falta de perspectiva, esperança e desalento, ante o peso da expiação.

Todo esse movimento é por quê ??? Não se sabe ao certo. Não há nada orquestrado. Uma onda tão forte inesperada, surpreendente, abateu-se sobre o povo, que acordou no susto, e ao abrir os olhos descobriu que a vaca, magra e moribunda, estava sendo sugada por todos, nenhuma gota de seu leite era distribuída para quem realmente o merecia, o povo.

Então, é por quê? É pelo custo do transporte, é, mas não é só por isso. É pelo aumento da inflação, é, mas não é só também por isso. É pela concentração e mal distribuição de renda, é, mas também não é tampouco por isso. Sobretudo, essa reação vem de um esgotamento do espírito por anos e anos pela sobrecarga descomunal da desigualdade social. Agora, de uma só vez, o cansaço chega. O corpo chora sem que a alma perceba o porquê. Assim, as lágrimas soltam aos olhos pelo fato de não haver mais espaço, internamente, dentro do coração para expandir, então, pressionadas, escapam pelo único lugar possível; os olhos.

Afinal, por que choramos? Não sabemos ao certo. É o corpo que chora em silêncio, nas profundezas do inconsciente, nos mais profundos rincões das minas do coração onde trabalham os sentimentos, que desconhecemos, mas que, todavia, se fazem externar por essas sensações longínquas que nos chagam até o nosso consciente, tal como as ondas do oceano, que após viajar por esse gigantismo de sua dimensão, precipitam junto às areias das praias, trazendo como rebento toda essa lamentação, que vem dentro do corpo ecoando um som de mil trombetas, capaz até mesmo não só de derrubar as muralhas de Jericó, mas também de fazer tremer a imponência do gigantesco Himalaia.

É preciso ocupar os espaços que sempre foi do povo a fim de permitir, que também ele, povo, possa evoluir. E, o fundamental não pode mais ser subtraído de nós, brasileiros. A hora é essa. Não é mas o jogo da seleção... Agora quem está no campo é povo. Não tem como mais esconder: temos o direito à saúde, à educação à dignidade que se espera que tenha o ser humano, pois é a única coisa que poderá nos tirar destas trevas, e nos elevar a essa plataforma principiológica, onde estão as estrelas, que fundamentam os conceitos dessa compreensão maior transcendental da condição de ser humano.

(Fábio Omena)

Ohhdin
Enviado por Ohhdin em 20/06/2013
Reeditado em 21/06/2013
Código do texto: T4351063
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