A GAROTA DO BLAZER DOURADO

Blazer dourado, bastante brilhante, sobre uma roupa completamente preta; bota preta; chapéu preto, tipo panamá, com faixa dourada do mesmo tecido do blazer; a jovem para e mira-se no vidro da porta. Puxa a blaser daqui, estica dali, desamarrota acolá; olha-se de frente, de costas, de perfil, parecendo ignorar completamente os que a cercam e a olham com curiosidade. A porta se abre, ela, satisfeita, desembarca e muitos dos que a assistiam caem na gargalhada.

Diante da risada geral, um dos botões da minha camisa - eles costumam conversar muito comigo - pergunta: “E se, no momento, ela estiver apenas fora do contexto? Quem sabe ela está indo para uma festa onde precise chegar vestida como está?”

Um outro botão reforça: “E se ela for uma pessoa, como vocês chamam: sem noção, que gosta de se vestir de forma que vocês julgam exagerada?”

E ainda mais um outro botão diz: “E se ela estiver sendo apenas o que ela quer ser: sem culpas, sem complexos, sem preocupações?”

E um quarto botão, menos tolerante, se manifesta encerrando nossa conversa: “Está ouvindo as gargalhadas? São as clássicas gargalhadas da própria ignorância. Pessoas infelizes que se incomodam com a felicidade dos outros: doentes recalcados!”

***

Sykranno
Enviado por Sykranno em 20/06/2013
Reeditado em 31/12/2013
Código do texto: T4350624
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.