CARTA DE UM IPÊ ÁS CRIANÇAS DA CIDADE

Crianças!

Há mais de 40 dias que venho curtindo uma tristeza solitária. Lembram que em 24/02/013, uma carta foi enviada a vocês pela minha amiga Mangueira, que vivia na plenitude de sua pós adolescência, na R. Wilson Fagundes, na altura do n.o 1701? Então durante todos esses dias eu sofria à procura de coragem para relatar o acontecido a todas vocês. Desde que recebeu a ameaça de morte, minha amiga Mangueira pediu-me que lhes transmitisse a notícia, caso algo de ruim acontecesse. Pois aconteceu! Por ironia do destino, exatamente no dia em que se comemorava o Dia do Índio, 19/04/013 (a hipocrisia é marca registrada do Homem) encostou um velho caminhão lenheiro, com homens portando uma feroz e barulhenta motosserra. E o “crime” foi perpetrado. O mandante do “crime” estava presente e manifestava uma exuberante alegria. Em sua pobre cabeça, com pouquíssimos neurônios ainda funcionando, estava a crença de que, naquele momento, seria consumado um ato que acabaria com a violência que o ameaçava. Afinal ter uma Mangueira como cúmplice e tutora de assaltantes é algo que merece uma decisão de coragem e “inteligencia”. Meninos e Meninas! Por ser eu uma “Nativa” estou a salvo. Estou segura por força da Lei. Mas que segurança posso ter de contar com um instrumento (Leis) elaborado por uma CRIATURA, feita à imagem e semelhança do CRIADOR, mas que não deu certo? Não estamos seguras como nunca estiveram seguros os verdadeiros donos deste país, os Índios, que por ironia do destino, no dia crime comemoravam sua data festiva. Policarpo, primo de um amigo meu, diante da cena, procurou as autoridades e fez a queixa contra o “crime”. As autoridades disseram que nada podiam fazer porque se tratava de uma Árvore Exótica. E pra não perder o costume, o curioso parente de meu amigo, saiu com esta: Quer dizer que se eu assassinar um cidadão de outro continente não é crime?

Interessante que nos últimos dias a violência vem recrudescendo em todo o Brasil. As autoridades apavoradas procuram soluções que possam, pelo menos, amenizar a situação e nada conseguem. E novamente o “espícula” parente do meu amigo, procura ajudar: Por que o Ministério da Justiça não vem buscar neste recanto do sertão a panaceia para curar este mal que tanto nos aflige? Se cortarmos (ou seria melhor arrancar pela raiz?) todas as arvores deste País certamente o problema da violência estaria resolvido.

A todas vocês uma exuberante florada neste inverno!!! De seu sempre amigo

IPÊ X

(oldack/06/06/013).