O AVARENTO

Prof. Antônio de Oliveira

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Plauto, na Antiguidade, foi grande comediógrafo. Entre suas obras, A Marmita. Nessa história, um velho avarento encontra uma marmita cheia de ouro, apega-se a ela e passa a desconfiar de Deus e todo o mundo. No século VI, o papa Gregório Magno identificou e codificou os sete pecados capitais, entre eles a avareza, além da soberba, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. Em geral, na prática, vêm associados mais de um desses pecados. Assim, o avarento costuma mostrar-se soberbo, petulante, insolente. Mesmo quando seu discurso simule inovação, proposta de reforma, prodigalidade, desprendimento. No século XVII, Molière, na França, também entre outras obras, e, ao que tudo indica, inspirado em Plauto, escreveu O Avarento. No Brasil, também inspirado no escritor romano Plauto, o escritor paraibano Ariano Suassuna publicou O Santo e a Porca, em 1957, abordando o tema da avareza.

Fico impressionado de ver como algumas pessoas se enriquecem num vapt-vupt, em especial políticos e familiares que, de repente, passam a se considerar empreendedores. No caso, eufemismo, sinônimo disfarçado de aproveitadores, quando não espoliadores. Na realidade, são pessoas avarentas, embora sempre encontrem uma justificativa legal para seu enriquecimento fácil e ilícito. Ah! Sempre alguma lei como referência...

Mas também, na prática, existe o oposto, uma vez que à avareza opõe-se a generosidade, a solidariedade espontânea, na prestação de serviços voluntários ou incorporada à prestação de serviços profissionais. E isso é que é louvável. É o polo positivo, o outro lado da medalha. Carlos Drummond de Andrade, depois de referir-se, na introdução, ao “espetáculo de horror diversificado que o mundo de hoje oferece” protagonizado pelo ser humano, conclui uma de suas admiráveis crônicas (O Verbo Matar) desta maneira admirável: “Admira é que existam a pesquisa de antibióticos, Cruz Vermelha Internacional, Mozart, o amor”. Ainda bem que existem.