O CHEIRO
- Dona Julice, que cheiro é este no corredor? Os outros corredores que varri não estão fedendo assim. O que será essa catinga, hein?
- Deve ser os vizinhos que viajaram e estragou alguma coisa no apartamento deles.
- Será? Vou chamar a dona Luzia, do apartamento ao lado.
-Oi, Alda! Oi, Julice! Tudo bem?
- Hummm... O cheiro é daqui, dona Julice. Achei.
- Achou o quê, Alda?
- O fedor que estávamos procurando, dona Luzia.
- Estou cozinhando uns camarões. Será que são eles?!
- Imagina! Claro que não é daqui, Luzia! O cheiro que sentimos era bem diferente. Deve ter vindo de outro lugar.
- Sei não, dona Julice.
- Será que os meus camarões está fedendo tanto assim?
- Não, Luzia, que bobagem! O cheiro não é daqui. Já passou. Nem estamos sentido mais, não é Alda?
- É. Já acabou a catinga do corredor. Não tem nenhum fedorzinho.
- Luzia, pode fechar a sua porta e desculpa a gente, viu?
E saíram as duas pelo corredor afora.
- Alda, viu o que você me fez passar? Que vergonha! Como é que eu vou encarar a Luzia agora? Ela é tão boa, tão prestativa!
- É, mas, a catinga é da casa dela mesmo, a senhora não acha?
- Não acho nada. Continue o seu trabalho e deixe isso pra lá.