"DESPERTA O GIGANTE BRASILEIRO!"
A pretensa redução das tarifas de ônibus foi só um pretexto para a generalizada mobilização popular, visando outros objetivos. Em Brasília, por exemplo, o preço das passagens de ônibus e metrô não aumentou. Permanece em R$ 3,00 e, creio, não ousariam aumentá-lo por temerem consequências danosas numa das sedes da Copa das Confederações e da Copa do Mundo.
O certo é que por trás dessas manifestações há interesse político, reivindicações de categorias, oportunismos de pequenos grupos, e tudo se juntando à ascensão de classes, especialmente a média, consumidora do que lhe põe ao alcance. O tão proclamado crescimento econômico mudou o padrão de vida de grande parte da população, sobretudo a menos favorecida, que exige mais e melhores condições. Se houve evolução socioeconômica capaz de promover ascensão social, a infraestrutura do nosso país não acompanhou esse crescimento. Então, a classe emergente quer mais e melhor. Melhor transporte, melhores aeroportos, melhores universidades, melhor saúde, mais e melhor segurança. E todos, igualmente, se apavoram com o já presente monstro da inflação. Tudo num só pacote de reivindicações a se depararem com investimentos bilionários, mas setorizados ou concentrados num único fim: a Copa do Mundo. Aí essa “brava gente brasileira” apaixonada por futebol, mas também perplexa face aos desmandos governamentais, vai às ruas não apenas por vinte centavos a mais ou a menos, mas por milhões de reais que poderiam solucionar grande parte de gravíssimos problemas sociais. Os blocos se organizam, a turma do bem e a galera do mal. Daí, o que seria uma passeata pacífica e simpaticamente democrática, transforma-se num carnaval de vandalismo, já sem propósito e com resultados agravantes para todos os lados.
A democracia que aspiramos se confunde com anarquia; a liberdade que alcançamos se perde na libertinagem. A ordem cede ao caos. Monumentos pichados, patrimônio público e privado danificados, gente ferida, insultada, detida, policiamento ostensivo sem poder resguardar o direito de ir e vir do cidadão, porque a massa enfurecida (ou atemorizada) é maior, mas se faz de vítima. Para o policiamento a Corregedoria, para os vândalos as ONGs, os direitos humanos. Mas o que resulta de tudo isso é um duplo atestado de falta de civilidade por parte do excesso policial e o vandalismo da população.
Tudo isso por conta da Copa ou por culpa do futebol? Quisera fôssemos pentacampeões na educação de primeiro mundo, recordistas no crescimento do PIB, invictos na luta contra a mortalidade infantil, na alfabetização, técnica e intelectualmente preparados para os desafios sem os quais não alcançaremos a grandeza que comporta a dimensão continental do nosso país. Não é o futebol que aliena nem a Copa do Mundo que atrapalha. A Copa exige despesas, mas também gera divisas, aquece o mercado, amplia as possibilidades de emprego, mostra a nova cara do país com o que nele se investiu para modernizá-lo. O jogo é outro e outras bolas são disputadas. E já não é somente a “pátria em chuteiras” que nos encanta. É o “gigante pela própria natureza” que, “ao som do mar e à luz do céu profundo” desperta do “berço esplêndido” e abre os olhos para o “sol da liberdade” (e da realidade) em “raios fúlgidos”.
Avança Brasil! Avante do Oiapoque ao Chuí. Descentralizado, fora das arenas e também dos currais eleitorais. Põe o teu povo nas ruas, sim. Mas com dignidade e altivez de uma paz conquistada em via pública, que é o seu maior palco e sua mais ressonante tribuna em plena praça. Pois que “a praça é do povo como o céu e do condor” com as asas da liberdade.
________
Ao ouvir-se a música no link abaixo, percebe-se como a história se repete.>
http://www.youtube.com/watch?v=LqSKd9EmFtw
* O título do texto alude a um verso do Hino de Brasília.
* Aquarela Brasileira>
http://www.youtube.com/watch?v=VHN2TVwNhEo
A pretensa redução das tarifas de ônibus foi só um pretexto para a generalizada mobilização popular, visando outros objetivos. Em Brasília, por exemplo, o preço das passagens de ônibus e metrô não aumentou. Permanece em R$ 3,00 e, creio, não ousariam aumentá-lo por temerem consequências danosas numa das sedes da Copa das Confederações e da Copa do Mundo.
O certo é que por trás dessas manifestações há interesse político, reivindicações de categorias, oportunismos de pequenos grupos, e tudo se juntando à ascensão de classes, especialmente a média, consumidora do que lhe põe ao alcance. O tão proclamado crescimento econômico mudou o padrão de vida de grande parte da população, sobretudo a menos favorecida, que exige mais e melhores condições. Se houve evolução socioeconômica capaz de promover ascensão social, a infraestrutura do nosso país não acompanhou esse crescimento. Então, a classe emergente quer mais e melhor. Melhor transporte, melhores aeroportos, melhores universidades, melhor saúde, mais e melhor segurança. E todos, igualmente, se apavoram com o já presente monstro da inflação. Tudo num só pacote de reivindicações a se depararem com investimentos bilionários, mas setorizados ou concentrados num único fim: a Copa do Mundo. Aí essa “brava gente brasileira” apaixonada por futebol, mas também perplexa face aos desmandos governamentais, vai às ruas não apenas por vinte centavos a mais ou a menos, mas por milhões de reais que poderiam solucionar grande parte de gravíssimos problemas sociais. Os blocos se organizam, a turma do bem e a galera do mal. Daí, o que seria uma passeata pacífica e simpaticamente democrática, transforma-se num carnaval de vandalismo, já sem propósito e com resultados agravantes para todos os lados.
A democracia que aspiramos se confunde com anarquia; a liberdade que alcançamos se perde na libertinagem. A ordem cede ao caos. Monumentos pichados, patrimônio público e privado danificados, gente ferida, insultada, detida, policiamento ostensivo sem poder resguardar o direito de ir e vir do cidadão, porque a massa enfurecida (ou atemorizada) é maior, mas se faz de vítima. Para o policiamento a Corregedoria, para os vândalos as ONGs, os direitos humanos. Mas o que resulta de tudo isso é um duplo atestado de falta de civilidade por parte do excesso policial e o vandalismo da população.
Tudo isso por conta da Copa ou por culpa do futebol? Quisera fôssemos pentacampeões na educação de primeiro mundo, recordistas no crescimento do PIB, invictos na luta contra a mortalidade infantil, na alfabetização, técnica e intelectualmente preparados para os desafios sem os quais não alcançaremos a grandeza que comporta a dimensão continental do nosso país. Não é o futebol que aliena nem a Copa do Mundo que atrapalha. A Copa exige despesas, mas também gera divisas, aquece o mercado, amplia as possibilidades de emprego, mostra a nova cara do país com o que nele se investiu para modernizá-lo. O jogo é outro e outras bolas são disputadas. E já não é somente a “pátria em chuteiras” que nos encanta. É o “gigante pela própria natureza” que, “ao som do mar e à luz do céu profundo” desperta do “berço esplêndido” e abre os olhos para o “sol da liberdade” (e da realidade) em “raios fúlgidos”.
Avança Brasil! Avante do Oiapoque ao Chuí. Descentralizado, fora das arenas e também dos currais eleitorais. Põe o teu povo nas ruas, sim. Mas com dignidade e altivez de uma paz conquistada em via pública, que é o seu maior palco e sua mais ressonante tribuna em plena praça. Pois que “a praça é do povo como o céu e do condor” com as asas da liberdade.
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Ao ouvir-se a música no link abaixo, percebe-se como a história se repete.>
http://www.youtube.com/watch?v=LqSKd9EmFtw
* O título do texto alude a um verso do Hino de Brasília.
* Aquarela Brasileira>
http://www.youtube.com/watch?v=VHN2TVwNhEo