A cidade vai parar!

Ixe Maria, como é difícil viver aqui nessa cidade viu. Alguém pode me explicar come é que pode, você ta voltando do trabalho e acontecer uma coisa dessas? Foi nessa semana quando eu só tava pensando em descansar daquele dia de trampo. Trabalho em uma loja de roupa e não é nada fácil aguentar esse povo estressado e sempre com pressa. Mal olham pra roupa e já compram pela marca, alguns compram como se fosse algo descartável. Mas enfim, nessa volta normal pra casa não é que eu me topo com um grupo de pessoas na rua, levantando umas bandeiras e cartazes, gritando: VAMO PARAR A CIDADE! Pensei logo, é micareta e das boas. Meu cansaço passou na hora de tanta felicidade, imagine, tão cansado e uma festa boa dessas, já tava até começando a gostar de São Paulo. Só que tinha uns povo meio esquisito com as barba grande, com o cabelo doido demais moço, mas como tinha muito policial na área pensei que tava seguro. Os homi tudo de arma em punho, encapacetado, com aqueles escudo.

Já comecei a me envolver na festa, cantando junto com o povo: SEM VIOLÊNCIA, SEM VIOLÊNCIA! Gostei da música, a festa era da paz. Já me deram uma bandeira pra segurar, e eu gostei demais, balançando aquela bandeira do bloco. E vamo que vamo andando, com os homi protegendo a gente, quando de repente comecei ouvir uns pipoco danado, já pensei, começaram os fogos, olha que massa. Era uns cabra fantasiado de ninja só mostrando os olhos que começaram soltar uns rojão, e os homi começaram soltar umas bomba que soltava fumaça. O povo começou correr e eu não entendi foi nada, pow, aquelas fumaças de festa é bacana. Mas ai começaram arder demais meus olhos, fiquei sem ar, vixe que a fumaça não era de festa não moço, tacaram de maldade. Fiquei sem saber pra onde correr, se pro lado dos homi pra me abrigar ou pro povo que xingava e tacava pedra. Ave Maria, fiquei foi no mei de tudo, perdidinho. Até que senti um baque na minha bunda, eita dor do cão homi, já olhei pro lado um policial apontando a arma pra eu, e pensei, lasquei-me tomei foi um tiro. Arre égua a dor até passou da carreira que dei pro meio do povo, era correndo e passando a mão na bunda pra ver o tamanho do estrago, mas estranhei porque não tinha sangue.

Corri logo pra pegar um ônibus e sair daquela confusão, festa doida demais doido. Mas cheguei no ponto tavam tudo pichando os ônibus que tavam estacionado sem motorista nem nada. Lasquei-me de vez, num queria ficar naquela doidera, mas também não podia sair. Resolvi correr, corri, corri que nem doido nem me lembro pra onde. Passei pelos homi que nem um foguete e ainda tomei uma borrachada nas costa. Tive que chegar em casa a pé e com a bunda doendo.

Arre égua, nunca mais quero saber de micareta por aqui, vou é me embora pra minha terra5 , que lá as coisas é mais light. Nunca mais também entro nesse bloco MANIFESTAÇÃO, que de festa num tem nada. To até tendo que escrever em pé do calombo que ta na minha bunda. Povo maldoso danado por aqui.