A Eficiência do Amor
O Amor flui pelo universo, diriam os poetas, como se fosse um rio que sacia a sede de todos os sedentos por carinho e atenção. O Amor não escolhe rico ou pobre, magro ou gordo, branco ou preto, reto ou torto; o amor segue seu rumo, manifestando o divino poder da criação em todas as pessoas que estiverem em sintonia e abrirem a porta do seu coração para que esse sentimento possa se transformar em união.
União que transforma dois em um, um em tudo. União que desfaz preconceitos, que fortalece bases, ergue pontes que atravessam esse mundo material e ilusório, levando esses amantes de volta para a casa, de volta para o lar; pois é na manifestação de amor que conseguimos sentir aqui na terra, um gostinho do céu.
O céu verdadeiro que é mais que um lugar onde se pisa em nuvens com anjos tocando harpas e gente vestida de branco. Esse céu ao qual me refiro é o céu do coração. O céu que aquece o peito, mesmo em meio a escuridão do mundo dos homens, mesmo em meio ao preconceito e a ignorância que pré-julga onde esse amor deve habitar.
Mas o Amor é teimoso e insiste em habitar os corações de todos, sem ler livros sagrados, sem seguir leis jurássicas, pois o Amor é livre da visão picuinha do homem e transforma a todos sem excessão. Sim, o Amor ensina...
De todos os mestres da vida, o Amor é o melhor professor, pois ensina e mostra que quando queremos realmente ficar junto com quem amamos, construimos a ponte para o coração do outro e atravessamos esse caminho, mesmo com passos deficientes, pois o Amor é mais forte que a mente, mais forte do que a paralisia dos homens que julgam onde o amor deve habitar ou não.
Para esses homens (que são os "que não tem razão") o Amor é um conceito, uma teoria, uma idéia e portanto, jamais compreenderão que quando duas pessoas decidem formalizar uma união , não estão pedindo permissão divina para se amarem, elas estão apenas propogando que se o Amor chegou para eles, chegará para todos.
Frank
Notas do autor:Dedicado a Pablo Damásio de Araújo, de 33 anos e Cláudia Araújo Vianna, de 32, que foram impedidos de casar na igreja, porque os dois são portadores de deficiência mental. A "razão" do padre que negou a união oficial é que eles são incapazes de procriar, e de acordo como o Código do Direito Canônico, é o principal objetivo do casamento. Os dois acabaram se casando numa cerimônia na Associação Niteroiense para Deficientes Fisícos (Andef).