Olhos

Estes meus olhos, inchados de sono, esforçam-se em colaborar na missão de testemunhar as palavras que aqui deixo. São olhos que não se cansam de te ver, e que mesmo quando fechados, buscam a memória do seu olhar. Por onde andará seu olhar? Será que também busca o meu? Sem que meus olhos te encontrem, aguço os demais sentidos, em busca de tão singular presença que é você. Sua voz, ah! Tenho gravada em meu pensamento, e seria capaz de identifica-la em meio a milhares, porque entre milhares, hoje, é a sua voz que me traz paz ao coração. Seu cheiro, ah! Livre das fragrâncias presas em frascos, sua pele tem um cheiro só seu, capaz de despertar-me as mais agradáveis sensações.

Pelos sentidos, conheces-me a casca, e dela o melhor e o pior. Pela alta sensibilidade inerente, conheces-me o íntimo, as fraquezas, as fortalezas, a singeleza. Sem saber como dizer, digo: consegues habitar meu pensamento dia, tarde e noite (às vezes madrugada!), mesmo quando não te digo isso. Mesmo quando me falta sabedoria para lidar com nossas diferenças. Mesmo quando entristeço por motivos bobos. Tantas neuras, tão minhas... Sem data em especial, sem motivo específico, digo: te gosto muito, com todos os meus sentidos, pela paz que me traz (mesmo nos dias de mutuo conflito), e pelo tormento que me causa quando sinto que não te fiz bem naquele momento.

Te quero perto tanto quanto seja suficiente para que não nos sufoquemos. E distante tanto quanto não deixe de te sentir. Na medida suficiente para que não surjam lacunas, vazios, ausências. Quero somente que me respeite, cuide de mim, tente me mostrar que sou melhor do que penso. Estes olhos inchados de sono, e todo o meu ser, desejam aquele sorriso que só você sabe dar, e aquele olhar que brilha como as estrelas...