“Roleta Russa.”



Quando eu era jovem, dezessete para dezoito anos gostava de brincar de roleta russa.
Esta brincadeira consistia em pegar o revolver de meu pai, (escondido em cima do guarda roupas).
Pegar uma munição e ir para a garagem de casa.
Lá estavam alguns amigos (um litro de conhaque) e muita coragem.
Após várias rodadas de conhaque, quando já estávamos super valentes, era desafiado um do grupo para municiar a arma.
Uma bala somente, as outras cinco câmaras ficavam vazias.
Girar o tambor e quando terminasse o giro fechar apontar para o ouvido e acionar o gatilho.
Aquela pancada em seco na câmara vazia entrava no cérebro e na alma.
Quanto mais bebíamos, mais ousados ficávamos, chegando até a colocar três cápsulas no tambor.
Fazendo nossas chances chegar a cinqüenta por cento.
Tamanha ignorância, infantilidade, burrice, misturada com o álcool só podia como aconteceu em dar merda.
Um grande amigo relutante levou a arma ao ouvido.
Ao invés do estalo seco, ouviu-se um barulho ensurdecedor.
Sua cabeça foi lançada para o lado, e caiu com uma cara de espanto.
Conseqüência do ato:
Meu pai gastou todo dinheiro que tinha para não ir para a cadeia, a família se desestruturou.
Os amigos viraram testemunhas de acusação.
Tivemos que sair da cidade.
Isto foi só de nossa parte, os pais do rapaz que morreu, queriam por todo custo comer meu fígado.
E com razão.
Nunca abuse da sorte.
O diabo existe e está de plantão um vacilo e já viu...

Oripê Machado.
Veneno de Cobra.
Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 15/06/2013
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