O CANTOR ABÍLIO FARIAS, FALECEU!
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“Que não seja imortal posto que é chama mas que seja infinito enquanto dure...”
Começo a crônica com essa linda frase do soneto “Fideliidade”, de Vinicius de Moraes, para falar de um amigo Abílio Farias, que quase não o via nos últimos seis anos de minha vida. É...amigo cantor que iria “fechar esse cabaré” , você não teve tempo para esperar a reestreia da novela “Saramandaia”, no próximo dia 24, também nome de um ex-cabaré engolido pelo progresso, onde você costumava se apresentar enquanto o táxi, que o taxista dirigia para se sustentar, ficava estacionado esperando algum passageiro só ou acompanhado, mas sempre cambaleantes.
Nas praias de Fortaleza amigo, chegaram a me oferecer um CD com seus maiores sucessos musicais pirateados e o único CD do misto de cantor/locutor e hoje empresário Ronaldo Tiradentes, dono das Rádios Tiradentes/CBN FM, gravado todo com músicas de Roberto Carlos, o seu ídolo preferido! Fiquei revoltado e lhe telefonei na mesma hora, da cadeira da praia em que me encontrava! Não telefonei para o celular de Ronaldo Tiradentes porque tinha perdido o contato com ele depois que se tornou deputado e fora nomeado Secretário de Comunicação no Governo Amazonino Mendes!
Companheiro Abílio Farias, seu taxi e o cabaré “Saramandaia,” onde o amigo também emprestava sua voz para ser aplaudido pelos colegas taxistas e os frequentadores do bordel não existem mais, mas sua música existirá para sempre, mesmo você não vivendo mais entre todos os amigos que lhe admiravam, como eu.
O cantor amazonense de estilo brega romântico, iniciou sua carreira musical na década de 1960, cantando em bares em Manaus. Mas eu só ouvi cantar mesmo, pela primeira vez, no bordel “Saramandaia”, quando estive lá acompanhando do companheiro jornalista Luiz Octávio Monteiro, barbaramente assinado e jogado em barranco na estrada da Ceasa, em Manaus. Como você cantava e encantava com sua potente voz e já tinha público cativo, foi convidado a gravar um primeiro LP pela “Tapecar”.
Nascido em 1946 em Manaus, foi um dos poucos artistas que se tornou independente, depois que rompeu o contrato com a Gravadora Tapecar, que o lançou para o mundo musical, mas suas músicas continuaram tocando nas rádios de Manaus e do vários Estados do Brasil. Segundo o blog “Música Popular do Brasil” (http://musicapopulardobrasil.blogspot.com.br/2009/01/ablio-farias-mais-um-cantor-popular-que.html) Abílio Farias começou a cantar aos 14 anos de idade, de forma amadora. Já sendo muito conhecido pelo seu potencial de voz forte, pelas ondas da Rádio Baré e tendo um público fiel, Abílio Farias foi levado para o Rio de Janeiro para gravar seu primeiro LP, o que ele próprio o chamava carinhosamente de “meu primeiro bolachão”. Foi um sucesso imediato porque seguia o mesmo estilo brega romântica de Waldick Soriano e Bartô Galeno, que também gravavam pela Tapecar e já tinha muita entrada no mercado fonográfico do Norte e Nordeste do Brasil.
Com as músicas “Ciganinha Feiticeira” e “Vou Fechar esse Cabaré”, de LPs distintos, Abílio Farias surgiu para o mundo da musica, mas mudou de gravadora, passando a gravar pela Continental, pela qual estourou nas paradas musicais e se manteve por alguns anos. Rompeu seu contrato, retornou a Manaus, passando a gravar e vender de forma independente seus novos CDs. Sempre quando o encontrava pelos corredores da Assembléia Legislativa, falava de seus novos projetos musicais, shows que faria em outros países e de sua vida também. Dizia que amava demais sua esposa, como eu também amo a minha!
Gostava de quase todas as músicas de Abílio Farias e as ouvia com alegria e felicidade por saber ser uma pessoa de Manaus, que rompeu as fronteiras fechadas da música e despontou com muitos sucessos. Mas, de todas as músicas, a que mais gosto é “Coração Indeciso”, composição de Domingos Lima, talvez por ser a letra com a qual mais me identifico. “Velocípede Velho”, me faz lembrar a infância pobre e do primeiro presente que recebi na vida, um boi de couro que Dona Zizi, “avó adotiva”, mãe de “minha mãe adotiva”, Dra. Dulce Costa, adquiriu na Bahia e me ofertou por tirar seguidas notas altas, além das que supunha eu poder conseguir no Grupo Escolar Adalberto Valle.
Mas Abílio Farias gravou também as músicas “Que Pena”, “Vou fechar o cabaré”, “Fica Comigo esta noite”, “Muita Maldade”, algumas compostas só por Bartô Galeno e, outras com sua participação ou versões de boleros em espanhol. Abílio começou a cantar profissionalmente aos seus 25 anos e a música “Vou Fechar o Cabaré”, suficiente para a consagrá-lo como artista popular até os dias de hoje (http://musicapopulardobrasil.blogspot.com.br/2009/01/ablio-farias-mais-um-cantor-popular-que.html).
“Mulher difícil o homem gosta”, composição do próprio Abílio Farias, deveria servir de exemplo para muitas “mulheres fáceis demais”. Mas, por não gostarem desse estilo musical, nunca a ouviram. Vá em paz, amigo guerreiro Abílio Farias, que teve a coragem de romper com uma gravadora no auge de seu sucesso e voltar para sua terra e comer jaraqui de novo, porque um dia nos encontraremos, com certeza!