NÃO ME REPRESENTA!
Que fique claro que não sou contra manifestações. Tenho sido criticada por alguns posicionamentos que venho adotando. Talvez por minha falta de habilidade em me fazer entender ou, quem sabe, pela falta de disposição do meu interlocutor em ouvir o que falo – tamanha convicção que tem de estar certo e eu errada.
Sou totalmente a favor da mais ampla liberdade de expressão e isto inclui, obviamente, qualquer tipo PACÍFICO de manifestação. Acredito que somente seremos ouvidos quando exigirmos de maneira contundente o respeito aos nossos direitos: petreamente assegurados e elasticamente ignorados.
O que eu não concordo é com os abusos, o vandalismo e, principalmente, com os extremismos. Durante os últimos quatro dias enxerguei excessos de ambos os lados: manifestantes depredando o patrimônio público enquanto policiais tentavam conter os protestos de forma desproporcional e truculenta.
Em minha opinião, o tal Movimento Passe Livre é tão despreparado quanto a polícia. O que eu vi foi o retrato de um país que engatinha em termos ativistas e possui uma veia repressora em iminente estado de erupção.
O maldito espírito obsessor da ditadura assombra não só a polícia, mas os próprios manifestantes. A polícia não aprendeu a lidar com movimentos populares – inerentes à democracia, porém raros em nosso país -, por isso utilizou técnicas ultrapassadas para “impor” sua autoridade. Os ativistas, por sua vez, valeram-se de argumentos igualmente obsoletos para fundamentar suas reivindicações.
A revista Época publicou uma matéria bastante esclarecedora a respeito do MPL e de sua origem. Não vou transcrever o artigo inteiro, mas ressaltarei alguns trechos que justificam minha opinião quanto aos argumentos retrógrados utilizados pelos manifestantes:
“O MPL se inspira nos movimentos de jovens que nos últimos anos tomaram espaços públicos no Oriente Médio, na Europa e nos Estados Unidos. A ampla maioria dos militantes já nasceu num regime democrático, portanto não precisa lutar pela democracia, como os militantes da Primavera Árabe. Assemelham-se mais aos americanos do Occupy Wall Street ou aos envolvidos nos tumultos que marcaram capitais europeias, como Londres ou Madri em 2011. Todos protestam em meio ao que chamam de `crise do capitalismo´.”
“Analistas viram no Occupy Wall Street uma espécie de ressurgimento de ideais anárquicos, tanto na forma de organização como na rejeição às instituições. Embora seja diferente na forma, o MPL guarda semelhanças, na atitude, com essa nova linhagem de ativistas do século XXI.”
“A cartilha de protestos do MPL mistura técnicas das recentes ocupações no exterior a preceitos clássicos de guerrilha urbana.”
“Apesar de se dizer apartidários, vários adeptos do MPL defendem ideias revolucionárias e de esquerda.”
O que vocês pensam sobre isso? Para mim é um pesadelo surrealista: a esquerda que virou direita está no poder e os esquerdistas voltaram às ruas. Só que a esquerda que virou direita não era esquerda e nunca foi direita, mas sempre teve ambições ditatoriais inspiradas nos regimes totalitários dos nossos vizinhos. Ou seja, a ditadura era ruim porque não eram eles que estavam no poder. Fui clara?
De tudo que eu vi até agora, além dos desmandos que presencio todos os dias - infelizmente de forma muito mais próxima do que gostaria -, digo o seguinte: esses “ativistas” não me representam; esse (des) governo não me representa; esses ideais anarquistas não refletem o meu pensamento; nem esquerda nem direita me representam; essa cambada que está no poder DEFINITIVAMENTE NÃO ME REPRESENTA. Não votei em nenhum deles, não tolero corrupção, não sou a favor de radicalismos, tenho horror ao Lula e à marionete que está no Planalto.
Repito: manifestação sim. Vandalismo não. Ordem sim. Repressão não.
Vinte centavos são suficientes para tamanha indignação? Para mim não. Contra a corrupção houve uma marcha sem qualquer relevância. Contra o Renan um abaixo-assinado fictício. Contra o pastor homofóbico alguns beijos na boca. E contra a violência crescente? E contra a vergonhosa e assassina saúde pública? E contra a ignorância estimulada e difundida pelas lamentáveis escolas públicas? E contra a miséria? N.A.D.A.
Tenho lido muitas coisas nas redes sociais em defesa do MPL e uma delas diz que o aumento das tarifas dos ônibus foi apenas um pretexto, que a verdadeira motivação é muito maior e abarca a corrupção, a Copa, os “sem-teto”... Eu só sei o seguinte: “não aumente sua voz, melhore seus argumentos”. Quem são esses mascarados? Só converso com quem olha nos meus olhos. Eu dou a minha cara a tapa e é exatamente isto que estou fazendo ao escrever este texto. Não preciso me esconder porque vivo em um país democrático e lutarei pela minha liberdade de expressão até o fim. Portanto, "VENDETTA" NENHUM ME REPRESENTA. Eles que vão para o inferno junto com todo o vinagre do mundo. Para mim já deu.
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