SER POBRE.

Alguém já meditou, pensou, incorporou no sentimento, se por isso não tiver passado, em ser e estar pobre.

Não é um agravo, uma discriminação ou uma pejoração. Trata-se de constatação e realidade de uma condição.

Já pensaram na hipótese de colocar a mão no bolso procurando dinheiro para comer, uma simples comida, um lanche ou mesmo um café com leite e não encontrarem moeda suficiente para comerem, satisfazerem o que sua natureza demanda, matar a fome?

Imaginaram a necessidade de comprar um remédio para um filho e não terem condições para tanto?

Avaliaram a ansiedade gigante de partir em busca de solução para que um médico minimize a dor de um ente querido e não encontrar resultado?

Podem sentir de longe o que seria ficar na fila de um hospital com um ente querido necessitando assistência e não ser atendido, nem ao menos considerado?

Pretender para um filho matricula em escola que já pouco ensina e não ter vaga?

Buscar lugar em uma creche para deixar o filho, na vontade de trabalhar uma jornada inteira para obter um mísero salário mínimo e não conseguir?

Subir amassado e espremido, as mulheres afrontadas e sitiadas, em um trem do subúrbio, praticamente na madrugada, para ganhar um salário de fome e voltar como gado em um vagão?

Comer comida fria em marmita exposta a tudo e voltar a trabalhar duro, para receber a própria necessidade ao invés de remuneração condigna no fim da jornada?

Isso é ser pobre, estar aberto a todas as explorações do homem pelo homem na sua saga egoísta e predadora, indigna e voraz, imune ao sentimento da igualdade, a quantificar dinheiro antes de aquilatar necessidades legítimas, vagando impune e insanamente nas trilhas da cadeia monopolizadora chamada mercado, INDIFERENTE À DIGNIDADE HUMANA.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 15/06/2013
Reeditado em 15/06/2013
Código do texto: T4342634
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