Crime passional no castelo de Lanhoso

O Castelo de Lanhoso - localiza-se na freguesia de Póvoa de Lanhoso, concelho de mesmo nome, distrito de Braga, em Portugal.

Este castelo para além de toda a sua história na época medieval, merece também referência pelo facto de nele se refugiar D. Teresa, viúva do conde D. Henrique e mãe do nosso primeiro rei D. Afonso Henriques, quando se viu atacada pelas forças da sua meia-irmã, D. Urraca, rainha de Leão, a quem devia vassalagem.

Mesmo cercada D. Teresa, que se intitulava rainha, teve arte e engenho para negociar um acordo - o Tratado de Lanhoso – que lhe permitiu a chefia do seu condado, desde que cumprisse com as obrigações de vassalagem para com a rainha, sua irmã.

Mais tarde, D. Teresa, segundo se consta, foi enclausurada por seu próprio filho após a Batalha de São Mamede, o que a moderna historiografia põe em causa, defendendo que teria falecido na Galiza (1130).

Mas o que quero realçar é um crime passional de que o castelo foi testemunha muda, habituado a que as suas pedras fossem manchadas de sangue amigo e inimigo por combates na sua defesa. Desta feita, não foi um ataque de fora, mas de dentro, no âmago da Torre de menagem.

No século XIII, o castelo de Lanhoso foi palco de um terrível crime passional: o seu alcaide, D. Rui Gonçalves de Pereira, tetravô do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, encontrava-se fora numa inspecção pelos seus domínios. Uma viagem inesperada uma vez que o alcaide a costumava fazer em plena época de colheitas. Desta vez saiu mais cedo, não prestando qualquer informação sobre o motivo da viagem, porém, havia um motivo bem forte. Uma dúvida queimava-lhe as entranhas e a sua honra exigia sem mais demoras que tirasse do seu espirito tal incerteza.

Resolveu pôr à prova a fidelidade da esposa, ao ver a demasiada devoção e proximidade com um frade do mosteiro de Bouro.

Sem se anunciar retornou ao castelo, comprovou que as rezas com o frade se faziam com eles nus, e na alcova do senhor do castelo.

Comprovada a infidelidade conjugal de sua esposa, Inês Sanches, enamorada do maldito frade do mosteiro de Bouro. Mandou fechar as portas, ordenou que se incendiasse a alcáçova, provocando com isso a morte da infiel e seu amante, bem como dos serviçais, que acusou de cúmplices por não terem denunciado o facto. Os antigos relatos referem que ninguém escapou com vida do incêndio, sequer os animais domésticos.

Concluindo com uma pregunta e uma certeza,: Que culpa tinham os animais?

E de que algumas paixões podem queimar-nos.

Lorde
Enviado por Lorde em 15/06/2013
Reeditado em 15/06/2013
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