O tempo voa

Dizem por aí que o tempo passa rápido. De tanto falarem, já virou o novo “bom dia”, já virou rotina. Por isso, constantemente esquecemos que sim, o tempo voa. Esquecemos que, quando menos esperamos, ele nos dá uma rasteira e nos mostra que ele foi desperdiçado com algo não tão importante assim. E, como bons escravos do tempo, nos desesperamos para recuperá-lo, mas não é novidade pra ninguém que o que passou, não pode ser recuperado, mas o que está por vir ainda pode ser mudado.

O tempo está passando nesse momento: as palavras que você leu no parágrafo acima já se tornaram parte do seu passado. As palavras que você leu neste parágrafo também. Seus pensamentos e suas vontades também. O tempo está passando, ele não se cansa de correr. Diferentemente dos seus escravos que são inversamente proporcionais ao tempo: quanto mais ele passou, menos eles correm. E resolvem esperar ele passar sentados.

Muito já se foi falado sobre o tempo – que ele resolve todos os nossos problemas, ah, essa é a mais clássica. Imagine só, o tempo sentado numa mesa com pilhas e pilhas de problemas que nem são seus para resolver. O tempo correndo contra o tempo. Porque ele passou, e os problemas ainda não foram resolvidos. Ser o tempo gera muita responsabilidade. E a culpa pelas mudanças – positivas ou negativas – é quase sempre dele. Coitado, só está fazendo seu papel: passar.

E depois que isso acontece é que nos damos conta. Porém, como certa vez disse um sábio “nunca é tarde”. Talvez não seja mesmo, mas enquanto ele passava você estava perdendo o seu tempo com brigas bobas, com acusações sem necessidade, com vícios mundanos, com pessoas sem ninguém, conflitos sem causa, dores sem cura, futilidades humanas. Nessa hora, o personagem (ou vilão) principal deixa de ser o tempo e se torna o arrependimento. Que vai perdurar enquanto o tempo continua fazendo a sua função de passar. Ou melhor, voar.