EU ACREDITO NO AMANHÃ (Uma crônica que o convida a refletir)
Um dia, uma senhora, compartilhando comigo parte da história de seu passado, disse-me que seu saudoso esposo deixou de viver quando parou de sonhar. Sua vida perdeu o sentido e ele acabou por definhar. Suas palavras me causaram profunda reflexão e fizeram-me repensar meus conceitos e valores.
Não há qualquer resquício de dúvida de que o sonho é a base de quaisquer projetos que idealizemos. Como para se construir uma casa, é preciso uma planta; para dar vida e forma ao futuro, é necessário um sonho.
Quando se deixa de sonhar, se deixa de viver, porque é justamente o sonho que nos mantém vivos, numa eterna, desenfreada, emocionante e, muitas vezes, até meio que insana procura, procura de algo que nem sempre nós sabemos descrever, mas que se torna um combustível importante e primordial para o sustentáculo de nossa existência.
O sonho é como a esperança, ao perdê-lo, o simples fato de viver torna-se sem sentido, porque uma vida sem esperança, inexiste.
Como entender alguém que perdeu tudo, inclusive a dignidade e a identidade própria e ainda assim mantém-se esperançoso no tocante a um futuro melhor? É como tentar compreender, segundo a bíblia sagrada, a história do povo hebreu que, durante 430 anos sofreu com a escravidão no Egito e, ainda assim, conservava em seus corações a chama ardente da liberdade. Os milhares de judeus que suportaram o negro, terrível e desumano período da segunda grande guerra mundial, ocasião em que tiveram suas casas e bens expropriados e seus corpos escravizados. Contudo isso, o clamor pela liberdade era uma constante em seus semblantes e modo de resistir à tamanha brutalidade. Apesar de estarem presos em campos de concentração, expostos às mais vis crueldades impostas pelos nazistas a mando de Hitler, não tinham como limitada sua esperança, seu sonho de liberdade. Criam que o desfecho daquela situação que se desencadearia em sua liberdade, dependia única e exclusivamente de manterem acesa a chama, cujo nome é o amanhã. É o amanhã que nos motiva a vivermos intensamente o presente. Não que estejamos presos no futuro, mas porque o amanhã depende do estado psíquico da saúde do nosso hoje. Porém, penso que, ainda que o hoje não esteja sendo promissor, o melhor e mais sábio a se fazer é acreditar sempre em novas e grandes perspectivas; visualizar através das barreiras imaginariamente intransponíveis do nosso caos, que existe um oásis além do deserto, uma terra fértil e produtiva, diferente desta que sofreu com a estiagem; incorporar em nosso costumeiro vocabulário a sempre bem-vinda e rejuvenescedora frase: “toda dificuldade é um vitória disfarçada”. Quando agimos assim, nos sentimos livres, mesmo em prisão; felizes em meio às lágrimas; não mais sozinhos em meio à multidão e de fato livres para alçar altos voos e, se preciso, renascer das cinzas, como a Fênix, e dizer: EU ACREDITO NO AMANHÃ!!!