SAMAUMEIRAS DO CAN

SAMAUMEIRAS DO CAN

No arrebol ou no ocaso do verão belenense, uma zoada alegre invade a cidade. São periquitos em sua turnê anual, como que em homenagem a padroeira em sua festividade. Diz o dito popular que suas presenças no alto das sumaumeiras lá do CAN, no período que antecede a grande festa, indicam bom tempo aos barraqueiros do arraial, prenuncia excelentes vendas e como conseqüência bons lucros nas atividades profanas da festa de Nazaré,

A secular festividade já teve seus dias de glória, com suas barracas de produtos da gastronomia regional. O parque de diversões com seus brinquedos e jogos de agradável atração para a garotada e adultos. Além dos cinemas e teatros onde artistas populares faziam a platéia de fãs delirar. Ah! Sim, ia me esquecendo dos brinquedos de mirití elaborados de forma artesanal pelos caboclos da região e também dos balões de gás coloridos se perdendo no espaço nazareno, arrancando lágrimas dos seus descuidados proprietários.

As centenárias sumaumeiras, testemunhas de muitos círios, dos shows pirotécnicos em homenagem a Santa, de muitos amores, de muitos fatos da história política acontecida em sua circunvizinhança, viram desaparecer os coretos e o Clipper que adornaram o cenário de uma época, que sem que nem para que, foram subtraídos do patrimônio da cidade. Sentiram-se ameaçadas quando do surgimento de vários espigões ao seu redor e aliviadas quanto a sua manutenção no atual projeto paisagístico que resultou no Centro Arquitetônico de Nazaré - CAN, ícones fortes no recente processo de modernização na transformação urbana da cidade.

A beleza grandiosa dessas arvores, em contraponto com a suntuosidade arquitetônica da basílica de Nossa Senhora de Nazaré e a modernidade da Praça Santuário, formam o pano de fundo, para a apoteótica chegada da Virgem de Nazaré no maior evento turístico religioso do Brasil, que é a tradicional procissão do Círio de Nazaré, realizado no segundo domingo do mês de outubro em Belém, capital do Estado do Pará, com a participação de mais de um milhão de romeiros.

Além dos atributos aqui já citados, convém ressaltar, que apesar da idade, as majestosas sumaumeiras ainda mostram a pujança de sua fertilidade, brindando a cidade e seus visitantes com a força de sua produção de chumaços de samaúma, fazendo um verdadeiro espetáculo de desenhos traçados pelo vento, como que alertando aos homens, a importância de respeitar e agradecer as coisas da natureza, bem como, resgatar e manter a memória da cidade, para as futuras gerações que hão de vir.

ACM Cavalcante
Enviado por ACM Cavalcante em 14/06/2013
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