INDIGNAÇÃO... OU INDIGNA NAÇÃO?

Assim como Marina Colasanti dizia que para salvaguardar nosso corpo, mente, casas e vida pessoal fingíamos não ver as estatísticas de mortos, de desigualdade social, acostumamos com os números das guerras, o necessário é reagir a esse estado de coisas, de caos urbano... de deturpação de valores e costumes, de economia exacerbada para o consumismo, o individualismo, a grande voragem de rir do próximo como se não acontecesse com a gente, culpamos os outros pelos nossos males mas odiamos a segunda feira, o trabalho, o esforço até para ler e refletir sobre determinado texto... a maioria pára de ler na segunda linha e já curtiu ou compartilhou... a exclusão que nos torna iguais, o paradoxismo que nos iguala enquanto nos afasta, a maioria que é mandada por uma minoria que detém o poder econômico e político, as ditas minorias que só estão em evidencia na mídia porque agora são maioria e são consumidores de produtos "étnicos" ou voltados para o mercado GLBT, às mulheres e aos idosos... onde a igualdade, fraternidade? onde a fiscalização da aplicação do dinheiro público? onde a punição e a cobrança quanto a isso? hoje todos somos lindos, frequentamos academias, cuidamos da saúde à medida que destruímos a natureza, somos politicamente corretos à medida que nossos irmãos são metidos em guetos e usam a roupa da moda que nos iguala; somos iguais nas tendencias da moda, nas atitudes e nas músicas cada vez mais vazias de significado onde todos apenas "comemos" água, choramos a dor de corno, rimos do outro, cultuamos o corpo, e as músicas significativas ou são músicas de malandro (rap) ou de maconheiro (rock); a cultura inútil suplantou finalmente a cultura pop, de protesto e bom senso, de reflexão e de situação frente a tais problemáticas? nossa saúde e segurança pública foram substituídas pelas festas intermináveis, pelos finais de semana regrados a cerveja e motoristas embriagados, as notícias cada vez mais fugazes de celebridades instantâneas dos reality shows substituíram nossos ídolos? quem são nossos heróis ainda? onde aquela chama que insistia em questionar a realidade? onde aquela adolessência (essência do adolescer, sempre questionador)? nos tornamos caricaturas de nós mesmos? quando jovens éramos incendiários e hoje somos bombeiros, colocados em gavetas pré-determinadas pelas atitudes e discriminados por sermos autênticos... curtam enquanto a vida é curta, (e as saias e idades cada vez mais curtas também)...