UM NOVO DIA
A mesmice de sempre está logo ali nas frestas das persianas que se deixam ultrapassar pelos primeiros clarões de mais uma manhã que desponta.
Já tão cedo ficam a me espiar como debochando da minha cara amarrotada pela insônia precedente aos típicos pesadelos da madrugada. E o mau humor já se instala.
Banheiro, água fria para o despertar de um dia, talvez, quem sabe, mais promissor, com alegrias inesperadas e há muito tempo acalentadas.
O tempo passa como sempre. A rotina sufoca. Abafa a mente e o coração. Mente querendo fugir do cotidiano que abraça apertado demais, sufocando. Coração que pulsa a arritmia do desejado e não conseguido.
Mais um dia. Tantas horas com tanto para ser feito.
O relógio marcando, sem complacência, os compromissos assumidos. A vontade se esvaindo pelo ralo junto com a espuma do xampu que escorre pelos cabelos.
Um café, alguns cigarros, um naco de pão dormido. Nada que alimente o corpo que luta, a vontade que titubeia e a esperança que se converte em lástima.
Novo dia, novas horas. Com as mesmas conversas, a mesma mesmice de sempre.
-Oiarabit-