E Samuel matou a cobra.


Se tinha um rapaz meio fraquinho em caçadas era Samuel.
Fraquinho não seria bem o termo, na verdade ele era extremamente covarde.
Mas era bom contador de histórias, sempre vivia aventuras longe de modo que dificilmente alguém poderia checar se verdade ou mentira.
Curioso é que sempre contava histórias reais, só que o personagem principal era substituído, por ele próprio.
Foi nesta época que pareceu em um local chamado Barreirão, uma enorme cobra.
Pelas contas a cobra que começou com modestos sete metros, já estava com mais de setenta.
Histórias eram contadas que a viram comer um bezerro em uma só bocada, enquanto segurava mais um para o próximo bote.
Como na verdade o local era uma fábrica de covardes, porém como nada foi provado, então as histórias de Samuel sem constatação, ainda eram consideradas verdadeiras.
Uma comissão anti-cobra foi visitá-lo, no ranchinho que morava com sua mãe.
D. Cotinha, mãe de Samuel, nunca afiançava nada, do que diziam sobre ele.
Só falava que isto era história de homem e disso ela não sabia.
Depois de super valorizar seus serviços, se propôs a livrar os ribeirinhos do monstro.
Quando preparou sua tralha causou espécie, uma espingarda 36 .
Se fosse passarinho grande já seria difícil de derrubar, e mais uma cobra gigante? Sei lá.
Sua idéia era de dar uma volta e sem sucesso, desistir sem perder o respeito, pois fora atrás da danada.
Só que para todos os lados que ia, algum curioso, ou vários estavam de olho para testemunhar o fato.
Pensando em fugir dos Paparazzi, se embrenhou por uma grota funda.
Pensando ter despistado os curiosos, teve vontade de desaguar, (fazer xixi).
Ficou embaixo de uma frondosa árvore e como a tralha o atrapalhasse, colocou-a de lado.
O pessoal assistia de longe sem saber o que ele fazia.
Após satisfazer suas necessidades, pegou sua 36, para verificar se estava travada.
Talvez por falta de uso, a ferrugem, havia travado a arma, a ponto de impedir um disparo.
Nesta hora recebeu a visita da cobra gigante.
Ele a ponto de morrer de medo, a cobra nem esboçou ataque, simplesmente iria degustá-lo.
Tentou em vão disparar sua espingarda, como não conseguia puxou seu facão de mato.
Quando conseguiu desembainhá-lo, aconteceu o choque.
No bote a cobra engoliu seu facão se suicidando.
Pois sua lâmina rasgou-a por dentro.
Na agonia da cobra para se livrar da lâmina, e dele para se livrar do monstro.
Quem estava a distancia viu e sacramentou.
Samuel o maior matador de cobra que existiu por estas bandas, com uma espingardinha 36 para dar chance ao bicho, e um facão.
Indiana Jones, Tarzan, sei lá outro super herói, com nervos de aço estraçalhou o ofídio.
Depois desta Samuel, ficou rico, arrumou casamento com filha de fazendeiro que orgulhosamente ostentava o genro caçador.
Mas uma coisa e isto era verdade, Samuel, era um fazedor de filhos.
Não houve uma vez que alguém viu sua esposa que não estivesse grávida.
Todos seus filhos pareciam Xerox, a cara do pai.
Por causa da fama realmente se tornaram ótimos caçadores, agora com armas e armadilhas boas.
A última vez que foi visto sua numerosa família parece que chegara a 112 na terceira geração.
“Herói ou super herói, existe sim, às vezes é fabricado pelos contos populares, ou já nascem heróis. estes que trabalham 16 horas por dia, comem de marmita e com insignificante salário cuidam de numerosa família.

Oripê Machado.
Veneno de Cobra.





 
Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 12/06/2013
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