DOMINGÃO
Acabei de ver a Seleção Brasileira dar de 3 x 0 na Seleção da França, após alguns anos sem vencer uma seleção campeã do mundo. Galvão Bueno, Casagrande e Ronaldo Fenômeno se esmeravam em elogios entremeando informações técnicas com conversa jogada fora...
Aos trancos e barrancos, Felipão consegue redimir o futebol brasileiro abrindo, na torcida, perspectivas de um bom desempenho na Copa das Confederações e na Copa do Mundo.
Como hoje é domingo e domingo não tem mais nada com o pé de cachimbo, terminados os comentários, sou afrontado com a incômoda cara do Fausto Silva dando o chute inicial no enfadonho e embolorado programa “Domingão do Faustão”.
Num esgar de masoquismo deixei a TV ligada e passei a ouvir uma avalanche de asneiras berradas pelo apresentador, numa sucessão infinita de bordões que já conhecemos há uns quinhentos anos... Atenção! Ô Meu! Galera! Ôrra! Plim-Plim! São algumas pérolas da verborragia dominical do apresentador metido a bobo da corte global.
Logo, na abertura do programa, o apresentador chama com entonação exageradamente falsa, a atração do quadro. Em pessoa o macróbio insosso, mais malandro do que o próprio nome,. Sérgio Mallandro.
Essa figura entra em cena expandindo sua arte em caretas, trejeitos, esganiços vocais, mímica sem sentido e piadas sem qualquer graça. O apresentador elogia o “artista” com uma chuva de predicados dignos de uma verdadeira celebridade.
Confesso que fiquei com raiva, xinguei um “porra” interjetivo e desliguei o aparelho bem na cara dos dois e da platéia que se embebia daquele momento cultural tão expressivo. Acho que o ibope do programa se deva ao delicioso plantel de fundo composto pelas lindas e escolhidas a dedo “dançarinas”. Que timaço, meu amigo! Que ti-ma-ço!
Mergulhado no silêncio fiquei imaginando o que leva milhares de espectadores a se postarem diante da televisão assistindo essa pasmaceira durante todo o tempo? Por um lado, constata-se a força da mídia na manipulação das mentes dos indivíduos e, por outro lado, a carência da população na oferta de atividades lúdicas, outras, que possam contribuir, de alguma forma, para o burilamento cultural.
Afinal, que tipo de arte as pessoas podem encontrar disponível, a preços justos, quando se considera a Arte como instrumento da expressão cultural?
Ao que parece, os espetáculos são disponíveis às pessoas das classes mais abastadas que podem dedicar-se a usufruir deles sem prejuízo para a manutenção das suas necessidades básicas. Entendemos que artistas são profissionais e que precisam viver do seu trabalho. No entanto, espetáculos ou outras formas de entretenimento cultural podem ser financiados através de projetos do governo ou de organizações privadas, desde que para isso haja incentivos e regras definidas.
Bem! Para não ficar repisando o óbvio sugiro aos caros leitores que dêem uma olhadinha no “Google” e pesquisem o que diz o lingüista americano, Noham Chomsky, sob o título “Estratégias da Manipulação Midiática”.