Copa Miséria.
Por Carlos Sena
Sentado no trono com “a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar” – eis o dilema, “pingo da cueca da vida”. Ontem era dezembro, de repente Carnaval, Semana Santa, São João e... Pimba: “amo miou, ano findou” – é assim que se costumam dizer no Nordeste quando chega junho. Nordestino tem essas coisas próprias que muitos até podem ignorar, mas que são a sua essência e sabedoria em sua própria linguagem. Verdade é que o tempo parece mesmo voar, escorrer pelas nossas mãos feito água. Não sei se água da fonte, mas água. Aguas nem sempre de março, mas sempre de “passados”, de vidas que se diluem nas casas do tempo. Umas apressadas, outras nem tanto e ainda outras vidas que cochilam pelo principio sábio de fazer a hora como que sabendo de tudo.
Sentado no trono. Não de reis, nem de rainhas. Mas, com a boca escancarada: pela violência generalizada, pela corrupção do país, pela saúde que não melhora, pela educação que caduca e não aprende em si mesma.
Sentado no tronco: da vida louca bandida que o dia a dia nos proporciona; da angustia que ver a nação tão sem bandeira de seriedade nos proporciona; da esperança. Esta sim tem sido a nossa mais legítima bandeira, mesmo que geralmente em vão. Sentado no ronco: ronco do gigante adormecido deitado em berço esplendido com o corpo escancarado e sem dentes esperando a vida. Vida que não chega como devia. Chuva que chega demais quando não devia. Seca que chega demais sem vigia. Chuva que invade a alma e tumultua a calma dos morros que morrem a mingua a cada dia.
Sentado na bronca: da copa do mundo que mexe com tudo e tudo pode para abrigar atletas e patetas. Copa do mundo dentro da copa miséria da indecência de um país insano. Copa da árvore de pau brasil que não viu o Brazil desaguando na fertilidade amazônica. Ofeônica canção que imita a perua numa nota só: dó, dó, dó. Sentado na bronca – bronquite da gota serena que no mar não serenou, mas na vida bandida se instala e machuca os filhos da puta que a pata não pariu. Priu. Sentado no trono com a boca escancarada cheia de dentes esperando... O quê? Sei lá!
Por Carlos Sena
Sentado no trono com “a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar” – eis o dilema, “pingo da cueca da vida”. Ontem era dezembro, de repente Carnaval, Semana Santa, São João e... Pimba: “amo miou, ano findou” – é assim que se costumam dizer no Nordeste quando chega junho. Nordestino tem essas coisas próprias que muitos até podem ignorar, mas que são a sua essência e sabedoria em sua própria linguagem. Verdade é que o tempo parece mesmo voar, escorrer pelas nossas mãos feito água. Não sei se água da fonte, mas água. Aguas nem sempre de março, mas sempre de “passados”, de vidas que se diluem nas casas do tempo. Umas apressadas, outras nem tanto e ainda outras vidas que cochilam pelo principio sábio de fazer a hora como que sabendo de tudo.
Sentado no trono. Não de reis, nem de rainhas. Mas, com a boca escancarada: pela violência generalizada, pela corrupção do país, pela saúde que não melhora, pela educação que caduca e não aprende em si mesma.
Sentado no tronco: da vida louca bandida que o dia a dia nos proporciona; da angustia que ver a nação tão sem bandeira de seriedade nos proporciona; da esperança. Esta sim tem sido a nossa mais legítima bandeira, mesmo que geralmente em vão. Sentado no ronco: ronco do gigante adormecido deitado em berço esplendido com o corpo escancarado e sem dentes esperando a vida. Vida que não chega como devia. Chuva que chega demais quando não devia. Seca que chega demais sem vigia. Chuva que invade a alma e tumultua a calma dos morros que morrem a mingua a cada dia.
Sentado na bronca: da copa do mundo que mexe com tudo e tudo pode para abrigar atletas e patetas. Copa do mundo dentro da copa miséria da indecência de um país insano. Copa da árvore de pau brasil que não viu o Brazil desaguando na fertilidade amazônica. Ofeônica canção que imita a perua numa nota só: dó, dó, dó. Sentado na bronca – bronquite da gota serena que no mar não serenou, mas na vida bandida se instala e machuca os filhos da puta que a pata não pariu. Priu. Sentado no trono com a boca escancarada cheia de dentes esperando... O quê? Sei lá!