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VESTIDO MATUTO É VESTIDO DE SONHO
Ysolda Cabral  
 

 
Há em mim uma expectativa, um desejo com misto de alegria e tristeza todo ano neste período. Hoje, isso ficou tão evidente que me policiei para não sucumbir, nem de um jeito e nem de outro. Coisas do mês de Junho, que traz com ele as festas juninas, tão esperadas por todo caruaruense que se preza mesmo que, nem de longe, lembrem mais os ''São João'' de quando eu era pouco mais de uma menina.
 
No pernambucano, tanto o frevo como o forró está no sangue. Em mim não é diferente e gostaria de só uma vez, apenas uma vez, me esbaldar pra valer nesses dois períodos e esquecer as dores do mundo. Nunca consegui! Todo ano eu digo: agora vou e não vou. Parece mais praga, mandinga feita... Sei lá!
 
Contudo, a expectativa do ‘’vou não vou’’ ninguém me tira. É muito bom sentir isso de forma intensa e natural. E, mesmo sem muito participar, nem do Carnaval e pouco das festas juninas, de alguma forma estive em  todas elas. Seja no pensamento, na poesia ou nos preparativos do faz de conta que vou. Tipo; decorar a casa, pensar nas roupas matutas que poderia vestir para a ocasião e nas comidas pra fazer...  
 
Ah, as comidas! Adoro uma pamonha, uma canjica, um munguzá, um milho verde cozido... E o pé-de-moleque?!  Nossa Senhora! Como era bom ajudar mamãe a fazer a pamonha, a canjica! O ponto alto era o ponto dado certo e assim começava a festa. Festa danada de boa!
 
Depois de tudo pronto, nos preparávamos para dançar quadrilha, vestindo um lindo vestido matuto, - ninguém se incomodva de vestir igual -   e, com uma rosa nos cabelos, estávamos todas prontas para viver um belo e animado sonho.
 
Há pouco, fui almoçar e todas as garçonetes do restuarante estavam caracterizadas de matutas, como se fossem dançar com Antonio, João e Pedro a qualquer momento.  Vi tanto desagrado em seus semblantes!
 
Solidária a esse sentimento, perdi a fome.