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A HISTERIA DOS IDÓLATRAS


 
      Perdoai, oh menininhas tietes do futebol, perdoai a minha burra falta de tolerância com o vosso fundamentalismo. Roxinhas de amores pelos vossos ídolos, os atletas em voga, não rasgais as roupinhas debaixo, não.
 
      Devagar com o andor, que o santo que vai em cima é de barro; se cair, certamente vai espatifar-se. E ninguém deseja que um santo – o ídolo – pegue um tatu, despedaçando-se no chão dos mortais.
 
      Ide mais devagar com os vossos ídolos de cera, de barro ou de gesso, oh todos os estimados portadores da síndrome da histeria coletiva dos idólatras.
 
      No passado, também, houve muita manifestação de histeria coletiva por causa dos Beatles, dos Rolling Stones, do Pelé, do Roberto Carlos, do Zinédine Zidane e do Ronaldão. Mas só não me consta nenhum chilique por conta de Albert Sabin, que fez um bem inominável a toda a humanidade. Osvaldo Cruz, aqui, no Brasil? Este cidadão, pioneiro nos estudos das moléstias tropicais, hoje em dia, diante de qualquer perna-de-pau da Seleção brasileira, seria apenas um pinto, e olhem lá.
 
      Em Porto Alegre, como de resto em todo o País, aos berros ufanistas do “estrangeiro” Galvão Bueno, que, segundo dizem, mora nos Emirados Árabes, as pobres menininhas gaúchas foram ao zênite da histeria coletiva. Um orgasmo da psicossociologia, eu sei lá o quê.
 
      Como sabem todos, a bola da vez, agora, é o Neymar (se não botar com “y”, me processam), ex-jogador santista, atualmente “estrangeiro”, lá no Barcelona. Mas homem, em carne e osso, como qualquer um e, quando veste o verde-amarelo da Seleção, nem faz tanta figura assim. Um pífio atleta, até muito aquém do Ronaldinho.
 
      Porém a bola da vez é o Neymar e ponto final. Endeusado, idolatrado, sobretudo por menininhas mimadas e susceptíveis de tanto liberalismo que usufruem em casa e nas baladas, pois oriundas do seio de segmentos desajustados da briosa e muito pra frentex classe média.
 
      Claro que, não sendo nem psicólogo social nem sociólogo, deixo o assunto para ser tratado por estes e outros notáveis especialistas nas patologias da sociedade.
 
      Por ora, para ir diretamente à mosca, quero só concluir que idolatria, fundamentalismo em excesso, burrice misturada com manifestação de carinho e apreço, tudo isso é uma doença e tem nome: histeria coletiva.
 
      Deus me livre da histeria dos idólatras. Fujo de ficar perto de um. O Papacu, único torcedor que o falecido América possuía, aqui, em Fortaleza, quando um jogador do seu vermelhão pegava na bola, ele, Papacu, metia o pé no traseiro de quem estivesse à frente.
 
      O sujeito mais feio que já vi, neste orbe terreal, era incontrolável. Um rapaz estragado pelo mal da idolatria futebolística. Não me dou com isso, e olhem que sou do Vovô, botafoguense e corintiano.
 
      Perdoai, oh menininhas tietes do futebol, perdoai a minha burra intolerância ao vosso fundamentalismo. Ou fanatismo, para melhor expressar-me no nosso velho instrumento da luso-brasileira comunicação.
 
      Sei que muitas de vós, oh lindérrimas apreciadoras de chuteiras, irão virar Marias de camisas verde-amarelas e de chuteiras, mas nada tenho a ver com isso. Desejo-vos é muitíssima sorte nos campos e “arenas” da Europa, ao lado dos vossos “estrangeiros” nacionais.
 
Fort., 10/06/2013.


Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 10/06/2013
Reeditado em 10/06/2013
Código do texto: T4334027
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