VOCÊ ESTÁ CANSADA II
Olhou penetrante e demoradamente e disse pausadamente depois de um tempo em que o olho varreu a alma: _ “você está cansada”. Que será que ele quis dizer?
Acordei e me veio esta indagação. Foi compreensão da parte dele? Que viu em mim que fez olhar desapiedadamente em mim e dizer estas palavras? Ele não diz nada a toa.
Na hora eu gostei, senti compreensão.
Mas agora, que acordei desta noite prolongada de sono, esta indagação foi a primeira coisa que emergiu de mim. Que ele viu que eu não tenha visto?
Antes, no início da fala, ele falou que já curou até diabetes em alguém.
Ele deu um recado?
Na verdade, cansada não estou. Estou é outra coisa. E não é bom o que vejo.
Se quis dar um recado, no momento detenho para pensar. Pensar em coisas que não costumo me deter. Pois sempre acho que obstáculos existem e não metem medo, agem como estímulos criativos de soluções novas e imediatas.
Estou é pensativa. Sem ações. Parece que não estou colhendo frutos do meu jardim. Ou se floriu e eu não vi faz me sentir ignorada pelas flores que existiram e viraram frutas que não vi.
E me pergunto, se eu não soube cuidar dos meus jardins e dos meus amores, se deixei que o mato crescesse e encobrisse tudo que possa ter ocorrido em cada planta e em cada área? Eu é que fiquei ignorada por eles.